E impossivel ir a Marrocos e voltar a mesma pessoa de la.
A pobreza e quase palpavel e doi. Nao e possivel ficar alheio a ela. A imagem, o cheiro, impreguinam na pela, e a gente acaba trazendo ela conosco. Impossivel nao se tocar com pedintes que te olham nos olhos, nao agridem. Apenas olham nos olhos, e vao te seguindo, calmamente ate desistirem pacificamente e desaparecerem pelas ruelas da velha Medina.
Marrocos e soberano de uma pobreza quase magica, pois a falta, a nescessidade, nao foi suficiente para corromper o seu povo para a desonestidade, o crime, ou ate mesmo a malandragem " banal" da qual estamos tao "mal acostumados" no Brasil.
Essa honestidade encanta. Olhares humildes que te olham e atravessam tua alma. Um olhar fundo. Pesado de alma, pesado com as artimanhas da vida, de uma vida seca, dura, ardua e digna. Fieis a suas crencas. Sao capazes do sacrificio pelo sacrifico. Como se ja nao bastasse o ritmo normal em que vivem. No Ramadan mais de noventa por cento da comunidade Marroquina faz jejum severo durante o dia, tendo a primeira refeicao so depois que o ultimo raio de sol morre no horizonte.
Sao donos da arte da barganha. O preco de um artefato nunca sera o preco estabelecido em uma primeira conversa. Normalmente o preco baixa mais de cinquenta por cento, noutras se ganha brindes. Uma compra e sempre uma aventura. Um risco inesperado. Tarefa cansativa para quem como eu nao estava acostumada a negociar precos.
O artesanato marroquino e riquissimo de cores, geometria e magia. Lampioes decorados, loucas de barro pintadas a mao, espelho e caixinhas de joia feitas de oco, tapetes feitos a mao. Joias de prata. Nos mercados- Souks o bailado das cores chamam a atencao.
O cha de menta, os gatinhos magrelos pelas ruelas, a cidade toda Rosa, o canto vindo da Medina que se ouvia de madrugada no hotel. Os Taxis lotacao permitidos por lei que transportavam dois adultos no banco da frente e quatro no banco de tras. O homem que segurava cobras e ria, um riso alto, nas portas do deserto Sahara. Os vilarejos de barro que se confundiam com as montanhas no sul de Marrocos. Os camelos! A emocao de subir no camelo, que vai pra cima e pra baixo, como uma gangorra, quando ele levanta primeiro a pata de tras depois a da frente. Os comerciantes sempre deitados nas lojas, fruteiras. As ruas de Marrakesh no seu movimento desordenado, atravessava elas, no impeto de um cego beirando a estrada. E sempre deu certo.
E impossivel descrever tudo. Pra isso precisaria 1001 vidas. No entanto e impressao desses dias em Marrocos me deixou mais rica e um pouco mais pobre tambem. Mas sem duvida jamais a mesma.
E incrivel pensar na vida. E ter a arte de analisa-la diante diferentes perspectivas. Marrocos pra mim foi como conhecer um novo mundo. Uma dor e uma delicia. Uma descoberta, certamente. Impera um alivio e um desespero, de ter nascido onde nasci e ter acesso a todo o conforto que eu tive em minha vida, o desespero e de saber, que minha sociedade, ocupa seus dias, seus sonhos, com coisas tao banais, e esquece as coisas que realmente importam. A magia da vida. Talvez esse seja o segredo oculto nas ruelas de uma pobre Medina, sem olofortes, talvez seja mais facil descobrir as estrelas!
Inechala *****************************************
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