Acordei com um sonho ruim. Na verdade o sonho nao foi ruim. Mas foi um sonho, que nao tenho mais direito de sonhar.
Um sonho que doi.
Pelas janela, raios de sol, refletem sob meus cristais no topo da minha estante de livros.
A nostalgia ainda habita, e faz cocegas musicais no ceu da minha boca. Mas levanto da cama mesmo assim.
Na sacada as plantas balancam pela brisa do vento. Uma bela manha de domingo.
Meia calca laranja, saia e chapeu, caminho por Bethnal Green road, e me elegro com a alegria das ruas, das historias das pessoas, das gravatas coloridas e mantas engracadas, das frutas do mercado, e do mendigo que me da Bom Dia. O domingo nasceu para nos ver sorrir. E o que diz o comercial na TV.
Penso o que nao posso mais pensar. Sonho com o que nao posso mais sonhar; sim Ele ainda respira dentro de mim.
Saio pelas ruas, e celebro essa liberdade intensa que me abraca e me impulsiona a seguir, perseguir o que me faz bem.
Domingos assim, sempre fazem!
Mas Ele ainda vai e volta por meus pensamentos, passeando as vezes pelas mesmas esquinas. Memorias.
Paro para tomar um cafe. E sinto paz.
Continuo a andar e o vento me irrita.
Chego ao parque, e la tenho fantasias que nao deveria ter. Penso nele de novo. Lembro de quando passamos ao lado daquele mesmo jardim, e das flores que retornaram a florir. Mais uma vez; tento esquecer.
Me destraio com o pequeno menino no patinete com uma toca vermelha segurando a mao da mulher dos patins amarelos e azul, manta rosa com bolinhas vermelhas no pescoco e um vestido cor de telha e rosa fraco. Acho a cena linda, e tambem sonho isso pra mim. Absorvo o sol. Me encanto de novo com a vida; e quando menos
percebo, estou pensando de novo. De quando sentavamos ali. O imagino passando ao meu lado, nesse exato instante; ele passa e nao me ve, nao reconhece em mim, nada familiar, e vai embora. Ou, ele passa por mim e olha e para. Se aproxima, me comprimenta, me abraca. Nesse instante uma pomba voa perto de mim e me destraio novamente. E novamente o esqueco.
Deixo os raios de sol, inundarem tudo em mim, e meus passos cradenciam com o som da natureza, e por um longo momento simlesmente esqueco.
Passo pelo nosso portal magico, e ali, lembro, muito. Imagens coloridas vao se
posicinando uma a uma no veu da minha mente, quase tudo volta. Quase tudo. Entro naquela pequena parte protegida do parque, e sento no banco que sentavamos; e fico ali. Vejo os passaros voando de arvore em arvore, os avioes cruzando as nuvens, as nuvens cruzando o sol que aparece e some em suas teias. E eu, penso nele. Penso em como seria se ele estivesse ali comigo. Como seria se fosse roubada do presente para o passado, e voltasse para 2005,2006, 2007... Quem eu encontraria sentados ali? O quanto de nos ainda existiria assim?
Derramo algumas lagrimas, que escorrem na minha pele fria; sao como lavas de um vulcao, queimando a terra solida. Ainda existem em mim.
Sigo andando. E entro num cafe. O vento estava forte demais e o meu rosto estava congelando com o frio. Peco um suco de laranja e um capuccino. Me sento no sofa. Penso nele de novo. Nas inumeras vezes que o convidei para entrar nesse mesmo cafe, ele nunca entrou.
De onde estou vejo um belo jardim, atraves das janelas de vidro. A chuva comeca a cair. Leve, depois intensa. A musica ambiente acalma todos os meus sentidos. A chuva cai forte e molha tudo la fora. Estou presa aqui nessa tarde. Nao tenho guarda-chuva, e nao posso me arrsicar a me molhar porque destruiria minha camera e meu computador na bolsa.
E assim o domingo mudou. De uma bela tarde primaveril para um chuvosa tarde de inverno. E eu continuei ali.
Esperando a chuva passar...
Ana Frantz
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