"O coracao tem razoes que a propria razao desconhece" disse Pascal, matematico e reliogioso frances. Dentre tantos orgaos humanos, o coracao teve sempre como tema o codigo da alma. Por ser responsavel em encaminhar o sangue pelo nosso corpo, ele e tambem, visto como o astro rei da criacao.
Mas a verdade e que nao sobreviveriamos com a falha total dos outros orgaos, tao importantes quanto. O cerebro por exemplo.
Acredito que o ser humano e capaz de suportar a dor fisica, desde que sua cabeca ainda esteja sa. Mas quando a sanidade se perde, perde-se tambem a essencia. Que tambem e alma.
A verdade entao nos e revelada de uma forma estranha. Somos entao a essencia de tudo aquilo que nao podemos tocar.
O coracao que bate em um ritmo cradenciado dentro da gente e um orgao fisico, mas sua realeza vem da ligacao que temos com seu desenho em vermelho, atribuido as emocoes. Esses cavalos selvagens, que sempre ganham vida em nos.
Ao contrario do pulmao, que podemos persuadir e maltratar, com exercicios cardiovasculares ou tragadas de cigarro, o coracao subjetivo e um musculo involuntario; como Marisa Monte cantou. Quase nunca temos dominio sob sua respiracao descradenciada, seu folego trocado, o peito apertado e sob o ar que vez que outra nos falta.
Quando o coracao chora, grita, ou da risada, paramos quase sempre a sua frente; pasmos. Ora de espanto, ora com desespero. O que circula em suas arterias invisiveis, nao sabemos. Nem dominamos.
Seguimos a vida afora tentando adivinhar suas luas, decodificar seus segredos ou persuadir suas preferencias. Desista! O coracao, esse leao correndo solto pela selva de dentro e animal arisco. Possui suas proprias leis. Seu tempo e vontade. Ele reina soberando sob todas as outras coisas em nos. Inclusive a inteligencia.
O coracao e cego, surdo e tem pouca memoria. A insanidade pavimenta sua estrada, e somos apenas pequenos cervos a merce de sua vontade.
Mas talvez um dia, esse bebado tentando se equilibrar numa corda invisivel, acerte o alvo certo. Entao a respiracao finalmente voltara ao normal. Ate la, ha que se aprender a viver, sendo puxado de um lado para o outro. Dando pancadas com a cabeca na parede e fingindo que nao haviamos visto o muro a dois centimetros de nos. Se ao menos o cerebro, nao fosse tao submisso aos caprichos desse orgao masoquista, teriamos mais tempo para as futilidades dos romances leves.
Ana Frantz
1 comment:
Que beleza
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