Mas se a miragem que vejo no deserto em mim mesma, traz tuas cores, entao descodifico o segredo que inventei para que nao me perdesse mais no universo das paixoes. Vez que outra tranco tudo novamente com as sete chaves que catei pelos cantos das minhas dores antigas e que foram uma a uma formando o casulo seguro onde me escondia em dias tristes.
Talvez nao seja ainda a temporada das flores, da leve silhueta decorando a janela do jardim a meia luz das ilusoes mais obscenas. Sera que e perigoso ser feliz?
De vez enquando desconfio de tudo e me perco nesse deserto em mim. O deserto que construi com cada grao de areia; lagrimas minhas. Perambulo por horas, dias, anos, em busca de uma bussula que seja minha. Se a encontro; logo a perco. E fico por horas a trilhar caminhos sem nunca saber se chegarei ao sul um dia.
Mas quando escuto teus sinais, anunciando que seras meu, por outro segundo, toda a certeza galgada no veu da experiencia se dissipa no ceu das minha ilusoes mais profundas. Tudo perde o sentido e as palavras sao apenas uma lingua desconhecida, se elas nao saem de ti. Os sons sao apenas miragens do silencio, se nao e a tua voz que ressita a melodia. Quando nos despedimos sempre aperto meus olhos contra meus cilios e mordo meus labios com um pouco de forca, porque o que queria mesmo era ser a guitarra que tocas com tanta necessidade.
As vezes sonho em ser teu som preferido, depois logo acordo, e fico observando os passaros voando sempre tao perto do precipicio.
Ana Frantz
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