Mais uma vez o adeus.
Te enlaco em meu olhar. Neste segundo de aflicao, quando tenho teus olhos pousados nos meus, como passaro que finge gostar deste aconchego, tu sempre me enganas e correndo bate tuas asas de contra ao vento, tentando ganhar qualquer distancia que te permitas afaster-te de mim.
Te olho destas distancias. Teu voo quase desajeitado, quase sempre querendo pousar; em meus bracos. No meu abraco, ja cansado por te esperar.
Mas se vens, sempre os encontra abertos, ansiosos por te ver chegar.
E nesse mar que abrigas em teus olhos, neste azul que sempre me lembram uma coisa ou outra do ceu, eu me perco; sempre me perco em ti. A alma tremula que anseia sair de um corpo que nao pode te tocar, me diz que ninguem mais saberia o segredo de me fazer dancar assim. Bailarina no silencio de teus olhos. Das palavras que nunca dizes. Da promessa que nunca me fizestes.
Te amo nesse descompasso. E esse desequilibrio e o que sustenta minha estrutura inteira. Teu jeito desmedido, tua subversao e tua delicadeza, sao coisas tao tuas. Todas tuas coisas sao desfechos sagrados. Mandalas do tempo tatuadas em meus poros; tua essencia que acende as luzes em mim, uma por uma, quando apareces na minha frente. Mas agora vais embora.
E uma vez mais preciso aprender a dizer adeus; mesmo quando longe de ti, sinto que sucumbiria a morte lenta e triste. Porque eras tu que acendia todas as coisas alegres em mim.
Uma vez mais abraco este abandono incandescente, te aceno do outro lado do rio. Sempre estivemos em direcoes opostas. Te deixo ir, mas nao sem que sangre em mim, o peso desta perda. Adeus, melhor amigo; a melhor risada ao findar do dia.
An Frantz
1 comment:
Ana, passando para parabenizar por seu blog.
Usei um pequeno trecho de DESCOMPASSO em um post meu ... chamado BAILARINA.
Qd puder, acesse:
http://jcmfernandes.com/asvozesdopensar/?p=1452
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