Essas noites do Sul possuem uma luz amarelada e silenciosa que me assustam quando a poeira voa de um canto ao outro. As estrelas parecem maiores e os grilos competem com os cães que latem endoidecidamente pela madrugada.
Sempre imaginei que a solidão vinha por ter me feito distante. Hoje sei e a descubro aqui.
Não apenas dentro de mim, navegando em minhas carências e fantasias, mas neste mundo que deixei quando criança e que já não reconheço mais.
Os amigos de infância se foram. As ruelas de pedra, asfaltadas. A floresta cortada, é hoje o apartamento onde moro e me escondo do convívio tão pedante com estes desconhecidos, falando em idiomas estranhos. Embora falem a língua que aprendi a decodificar desde muito pequena. Nestas palavras soltas, não encontro poesia.
Nas novas ruas com fachadas de vidro, não percebo a beleza das coisas pequenas, que antes encantavam meus dias.
Sou uma estrangeira em meu próprio país. Uma estranha que molesta o passar pedante das horas da pequena cidade.
Ana Frantz
3 comments:
Embora conheça muito mais teus textos do que VOCÊ, por algum motivo eu imaginava que teu retorno te traria (DES)ILUSÕES.
Como perguntar não ofende, aí vai...
Será que não era essencialmente isso que tu esperava encontrar por aqui?
Oi Charles,
conheces mais meus textos que eu... interessante isto, quem sabe um dia poderiamos marcar um café para conversarmos enquanto ainda estou aqui.
Acho que sim, acho que intimamente era mesmo isso que eu buscava encontrar, um certo direito de ir...
Beijos,
Claro, com asas, sempre!
Lindo teu texto guria!
Parei aqui procurando teu mail prá te mandar um texto sobre Chinatown do Brooklyn...
Surpreso!
Beijos!
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