Londres e eu nos conhecemos a exatamente seis anos atras, e nessa relacao de amor e odio, ja pensamos varias vezes em terminar tudo e tracarmos caminhos diferentes, mas continuamos juntas ate hoje...
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Quando cheguei em Londres em Agosto de 2002, era apenas uma menina de 21 anos de idade, com a planta dos sonhos em minhas maos, e na bagagem uma mala cheia de duvidas, e a inexeperiencia na carteira. Londres foi quem me ensinou as artimanhas do mundo adulto, foi o terreno onde eu me transformei de uma adolescente perdida em uma mulher, (talvez mais perdida ainda), mas o que Londres me deu, jamais vai tirar. Cicatrizes e memorias, num livro de aprendizados e prazeres. Londres me deu asas, mas nunca me deu um chao. E em seus antagonismos tao profundos, me fez sua presa, nessa deliciosa perdicao, como uma sede sem fim, uma busca que nao encontra um final.
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Fazer parte de uma populacao de nove milhoes de pessoas, vindas de todas as partes do mundo, com uma parcela Britanica e claro, e uma experiencia caotica, e unica talvez. Viver no meio desse caos organizado, ja faz parte de mim, e e uma simbiose organica, ja nem reparo mais nos sutaques no trem, na multidao enlouqucida caminhando pelas ruas, nos punks, hippies, indianos, coreanos, Judeus, jamaicanos, enfim, o carnaval natural das nossas tao limpas ruas londrinas. Nao reparo em cada teatro novo estourando em West End, nem nos artistas de Hollywood desfilando no carpete vermelho em frente ao Odeon na Trafalgar Square. Nao sei dos gigs na Brixton Academy nem dos de Earls Court, dos nightclubs do momento. Nao sei muito a respeito da minha cidade, que muda tao rapidamente a cada dia com mais uma construcao na esquina. Nao sei onde Banksy rabiscou seu ultimo trabalho, assim como nao sei qual foi o ultimo trabalho dele apagado em um muro qualquer. Nao sei onde a Madonna foi vista andando de bicicleta pela ultima vez. Nao sei onde fica a casa da Amy Winehouse em Canden Town. Na verdade, nem sei o que escrever sobre Londres.
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Sei das coisas que sinto. Sei das coisas que vi, serem coloridas e outras vezes descoloridas nessa aquarela magica chamada London. Vi pessoas partirem. Vi gente chegando no Heatrow. Nunca vi, familia minha aterrizar, mas vi a dos outros. Vi casamentos. Fiz parte deles tambem. Vi separacoes, fiz parte delas tambem. Vi gente se mudar, eu tambem me mudei. Vi gente chorar, rir, beber ate ficar bebado, perder o rumo de casa. Vi vitrines criativas, interiores inesqueciveis, comidas deliciosas, vinhos saborosos, frutas azedas.
Ja andei pelas ruas cobertas de neve me sentindo muito so, ja andei acompanhada ao lado do homem que amei, ja corri por essas mesmas ruas feito crianca com amigos do peito. Ja tomei banho de chuva, e muito pouco banhos de sol.Ja andei sem rumo, ja andei com pressa, ja caminhei com mapa nas maos, e outras sem ter ideia de onde eu deveria chegar.
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Londres, como qualquer outra cidade, em suas ruas, e arterias, seus bairros, onibus e trains, suas luzes e catedrais, e apenas mais uma cidade, e eu nela mais uma celula a piscar faceira em seu sistema.
Mas hoje Londres e eu somos uma so, nessa Odisseia so minha, que so eu poderia entender. Apago as seis velinhas e faco um pedido agora...
Ana Frantz
1 comment:
que teu desejo se realize... dentro ou fora de london; que dentre os teus sonhos e as experiências cauterizantes nasça uma nova mulher a cada dia. e q teu coração se una em onipresença com teus amores de raiz.
=*
;.)
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