Ja que Santa Cruz do Sul, foi nomiada pela veja na edicao de Julho como a cidade com o melhor sistema de saude no Brasil, resolvi fazer uma reflexao, sobre as joias raras de Santa Cruz, essa terra que me viu nascer e que guarda em sua caixa encantada tantos afetos meus e tanta mas, tantas saudades...
Fui filha de Santa Cruz por 21 anos, e tinha exatamente 21 quando a deixei. Ainda me sinto sua filha, mas totalmente idependente de suas diretrizes, de suas regras, e rotinas. Lembro muitas vezes de me sentir so em Santa Cruz, tao so, uma solidao parecida a um deserto, era quase uma angustia, talvez por ser assim, uma cidade pequena, com suas ruas e esquinas muito bem mapeadas em minha alma sempre tao atenta ao que eu nao podia alcancar. Mas adolescencia e uma fase complicada.
Fui uma crianca feliz em Santa Cruz, na Rua Joaquim Murtinho, uma floresta corria nos fundos da minha casa, e la eu tinha disponivel todas as ferramentas para a construcao do meu mundo magico. Uma pena que minha vo anos depois teve que vender as terras. Para minha sorte ja havia dado tempo de subir em todas as arvores, fazer barraquinhas, brincar dentro da caverna, pular entre sipos, catar ervas, pedras, e ate mesmo minha argila. Tempo magico. Uma infancia impecavel. No jardim de casa tinha minha casinha de bonecas, ao lado da lavanderia da mae, la foi meu mundo tambem, com meus bebes, panelinhas, vassouras, e toda essa parafernalia da infancia feminina. Depois a casinha se transformou em minha fabrica de velas, um impulso empresarial que nunca decolou do jardim.
Da adolescencia lembro um amor complicado, lembro muitos amigos sendo criados a cada dia, lembro festas, lembro copos quebrados, lembro meu pai preocupado esperando eu chegar de madrugada, minha mae de cara amarrada porque eu nunca estava em casa, lembro ela feliz quando secava a louca. Lembro almoco de domingo eu sempre de ressaca tentando fingir apetite. Lembro a janela do meu quarto, meu portal magico para todos os sonhos que tinha. Lembro as estrelas nascendo, o cruzeiro do sul la olhando pra mim. O morro da cruz, a lua que nascia por de tras dele...
Das coias boas de Santa Cruz? Talvez as lembrancas de tudo o que vivi, talvez o sentimento por todos os amigos que conquistei, e e claro pela familia que sempre sera minha. Talvez os livros da Lya Luft, os risolis da casa de cha Pritch, talvez o por de sol no aero (talvez nao o mais belo do mundo, mas o que dava sensacao de casa). Talvez uma caminhada ate a gruta, uma paradinha na Catedral vazia, um sorvetinho na Marechal Floriano ou ver um amigo cantando no Cafe Floriano. Um passeio pela Boa Vista ou uma viagem por dentro. Santa Cruz, mais do que uma cidade, e um portal, onde guarda tantas memorias, onde guarda tantos coracoes que ainda pulsam em suas arterias e que me enchem da saudade mais avassaladora que existe.
Sim, "Santa Cruz fiel, Santa Cruz gentil, onde reina a paz, onde brilha a luz sobre o reindo de Jesus, Deus te slave Terra amiga".
Ana Frantz
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