E eu que te julguei bem mais que esta estatua envelhecida de ferro. Eu que te idolatrei em teus mais estranhos desvios. Aceitei tuas cicatrizes, concertei tuas chagas, amaciei tua estrada. Plantei flores no teu jardim, te emprestei minhas asas, te dei uma casa, e nela minha vida.
Ja nao anseio teu retorno. Ja nao espero que teu olhar amacie com o tempo e teu coracao mostre sinais de expressao. Ja nao quero nada, se nao, a paz, de tua ausencia. Ja nao almejo me esconder em teus bracos da vida, que excita e fere. Quero a liberdade e a dor que ela traz. Quero tudo e nada mais.
Nada que me lembre tua frieza, nada que me lembre da tua falta de tato com tudo que faz parte do meu mundo. Nao quero nada, que me faca uma vez mais, chorar por ti. Pelo leite derramado, pelas horas de silencio, pelas noites que sofri baixinho, pelos sonhos que nunca realizei porque sempre estivestes tao ocupado para perceber que eu respirava ao teu lado. Nao quero mais tuas sardas nos labios, a paz dos teus olhos verdes. Nao me venha fazer companhia, nao me ligue fingindo que nada aconteceu e que ainda ha tempo para piadas ao telefone. O vento passou, e me levou com ele.
Nao apenas meus longos cabelos, algo alem em mim foi cortado, e sobre essa estranheza, nao encontro sinonimo adequado, o que sei? -nao sou mais a mesma, sei, ja nao es mais o mesmo.
Seguimos entao, sem olhar pra tras. E apenas Adeus, e nada mais.
Ana Frantz
2 comments:
Uau! Impecável!
Guriaaaaaaaa q texto lindo, tu conseguiu descrever tudoooo, ameeeii e me arrepiei...
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