Ate quando uma mulher precisa deixar que a podem pelos ventos do outono, ou que a inundem pelas tempestades de inverno, para que se torne inteira. Plena de suas mais secretas ambicoes.
O amor que vem como a cegueira; exige. Impede.
Chega como se fosse a salvacao e te solta numa imensa bolha dourada, te permitindo chegar ate os limites do que te e mais raro. Mas e na escuridao que te expandes. No silencio dos passos no escuro que descobres tuas asas escondidas entre las.
E quando voares solitaria, como uma imensa borboleta colorida no ceu, descobriras, o intenso sabor que a liberdade aflora nos teus labios, sempre tao sedentos. Nesse voo descobriras montanhas, lagos e florestas das quais jamais havia imaginado antes. E o toque do sonho na realidade dos teus dias, te dara a certeza, de que quase tudo e possivel. As cores te farao mais bela. O sereno te deixara mais plena e o vento te encontrara solta. Mais selvagem. Dona de ti mesma.
No entanto, nas entrelinhas, te descobres vazia. Essa ansia de doar ate mesmo aquilo que nao tens, de entregar em uma bandeija todos os frutos do teu trabalho arduo, de oferecer as maos do vencedor essa escultura que moldastes com tuas maos tao finas e guerreiras. Essa angustia te chama para a entrega.
Antes que percebas tuas armas estao delicadamente postas ao chao. Teu escudo escorado na parede. Entao te despes inteira. O frio que arrepia tua pobre pele te convence que so assim poderias estar viva. Nesse carcere que escolhestes, nessa dor que te mutila e te leva para mais perto dos Deuses.
Anseias amar e nao temes o punhal que inevitavelmente tanto amor te cravara na pele nua.
Mas quando olhas ao redor, ofegante, em busca de um idolo qualquer. Tudo te parece um imenso deserto. Solitaria bate tuas asas na imensidao e te contenta com a distancia entre teu corpo e o chao.
Ana Frantz
1 comment:
WOW!!!
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