Numa cidade como Londres, e tao facil, tocar a solidao. As vezes me vejo caminhando no vai e vem de uma rua qualquer, me sentindo completamente invisivel.Unica. Livre. Independente. Cosmopolita. Mas totalmente invisivel. Milhoes de pessoas cruzam meu caminho todos os dias, talvez centenas delas tocam meu braco na correria dos corredores subterraneos das linhas do metro. Ja divide o assento do trem com milhares de pessoas. Vindas de todas as partes do mundo. Quando eu falo, todas, le-se o sentido literal da palavra. Sentei ao lado de gente irradiante, charmosa, feia de doer, exquisita, hippie, punk, maltrapilha, cheirosa,bebada,com cicatriz no rosto, com unha comprida, cabelo cor de rosa, saia curta, veu escondendo todo o rosto, japones concentrado em joguinhos de celular e intelectuais lendo livros grossos.
Mas nenhuma delas jamais trocou uma palavra comigo.
Tirando uma crianca linda, com os olhos azuis mais irradiantes que ja vi, ela pulava entre seu assento e o de sua mae, e me sorria, como que me convidando para aquela brincadeira. Enquanto a mae me olhava preocupada. Pois afinal a crinca estava me perturbando ao sorrir e ao olhar em meu olho. Olhei novamente para a mae e sorri. Ela se sentiu aliviada. Eu havia aceitado o contato silencioso e casual.
As vezes sinto que nas grandes cidades somos todos bichos. Bichos soltos, que nao sabem se comunicar entre si. E como se pertencessemos cada um a uma especie diferente. Assim nao entendemos a linguagem um do outro e continuamos nossa jornada pulando de galho em galho, atravessando outro rio, outra paisagem. Entre jantares e cafes da manha, vamos sobrevivendo este anonimato fatal e falivel.
Mas nenhuma delas jamais trocou uma palavra comigo.
Tirando uma crianca linda, com os olhos azuis mais irradiantes que ja vi, ela pulava entre seu assento e o de sua mae, e me sorria, como que me convidando para aquela brincadeira. Enquanto a mae me olhava preocupada. Pois afinal a crinca estava me perturbando ao sorrir e ao olhar em meu olho. Olhei novamente para a mae e sorri. Ela se sentiu aliviada. Eu havia aceitado o contato silencioso e casual.
As vezes sinto que nas grandes cidades somos todos bichos. Bichos soltos, que nao sabem se comunicar entre si. E como se pertencessemos cada um a uma especie diferente. Assim nao entendemos a linguagem um do outro e continuamos nossa jornada pulando de galho em galho, atravessando outro rio, outra paisagem. Entre jantares e cafes da manha, vamos sobrevivendo este anonimato fatal e falivel.
Nao sei se existe, sentimento mais estranho, e ter tudo nas maos, e ao mesmo tempo, e segurar o nada, que escorrega entre os dedos feito miragem.
Londres e uma cidade cheia de cultura, bares e shows, luzes e rio. Nove milhoes de pessoas cruzam todos os dias as ruas dessa cidade que nunca dorme. Sao nove milhoes de chances. Um encontro. Uma licao de vida. Uma gargalhada inesperada com um estranho. Uma amizade. Um grande amor. Um artista famoso. O seu cantor favorito. O melhor fotografo do ano, melhor escritor, jornalista, politico ou jogador de tenis. Em Londres simplesmente nao se sabe com quem a gente cruza na rua todos os dias. E com essas nove milhoes de chances, jogadas ao ar todas as manhas, Londres continua sendo um deserto solitario para tantos de nos.
E somos tantos! Tantos de nos em busca de uma confirmacao. Um papel, ou uma certidao que nos garanta. Sim estamos vivendo!
Em uma cidade que nunca adormece, que nunca para, que nunca nos diz nao. E dificil entender a simplicidade da qual a vida e genuinamente feita. As coisas que sao mais importantes, e que nao sao nem coisas, nem a deveriamos chamar assim, mas tememos ate pronunciar seu nome: sentimentos.
E dificil encontrar tempo para a doacao crua e vital. Para a entrega que e sempre unica. Nao ha dois jeitos de se entregar. E com tudo, ou e nada. As pessoas por aqui andam correndo demais, atras de titulos e certidoes que as deem o direito de se dizerem felizes. Mas esqueceram que a felicidade nasce e cresce onde nao precisa se provar nada a ninguem. E essa felicidade so se fortifica ao ser dividida e saboreada em comunhao.
Enquanto isso corremos feito cegos num vai e vem de enlouquecer ate o Big Ben. Se o amor acontecer em qualquer esquina e sinal de que era pra ser.
Ana Frantz
1 comment:
oi tuti... axo que não lembra de mim, pois me conheceu muito nova... sou amioga da ana... sou de santa cruz, li teu blog pela primeira vez atravéz do orkut da Aminha e me encantei.... nao perco um post. choro, rio e xego a me sentir em Londres.... parabés, adorei a exposição em santa tb....
beijos
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