Me solto entao.
Livremente- nesta aura das coisas idas, das coisas que nao chegaram a amadurecer em vida em mim, mas que respiraram em meu utero, ansiando esta vida nova. Me solto entao; dos sonhos que foram sempre isto; apenas sonhos. Me livro das culpas, que me foram apenas pedras trancando o caminho para a valsa leve e casual.
Sera que ninguem poderia ter nos avisado que o bonito disto tudo, esta nesta danca imprevista, que susurra melodias exquisitas enquanto tentamos afobados acertar o passo? Sem nem se quer imaginar, que o Criador deste concerto todo, nao anseia passos certos, nem tortos, nem avessos ou indiscretos. O maestro desta orquesta estelar, apenas nos que ver dancar.
Aceito minhas perdas e dela faco um passo de danca. De cada lagrima um poema. E da minha gargalhada escandalosa, dela eu faco uma estrela.
Ja aceito que nao nasci para ser muito rica, nem famosa, nem muito boa em coisa alguma. Ja aceito isto; nasci para ser a verdade que habita em mim, em cada passo do caminho. Ja nao anseio por corridas muito rapidas, e por procuras que cegam o que me e essencial. Quero aprender a dancar mais devagar. A deixar o vento tocar minha pele, como bem quiser, antes que eu lhe faca qualquer tipo de contrato. Quero ter menos ciumes e desejos. Menas possessoes e mais fantasias. Preciso aprender a perder.
E tempo agora de seguir, e deixar-se ir, o que de mais precioso tive na vida. E tempo agora. Eu vou, amanhecer em outro capitulo, ja somos outra historia esperando acontecer.
Me solto entao da tua mao sempre tao leve, que me fazia cocegas de tao alegres; era a prova de que o sagrado era nosso, e andava com nos. Vai saber. Talvez estivesse escrito no livro do destino, que seria obsceno amar-se assim, com tanta verdade. Com tanta pureza. Me deixo perder da tua risada escandalosa e do teu corpo que sempre sorria contigo.
Me solto como um balao no ar, para que possas seguir tambem, a mais mundana das estradas. Para mais alem, quem sabe, voar contigo, sem os sinos tao concretos das catedrais.
Ana Frantz
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