tonturas
o mundo da voltas
(revoltas)
e nos deixa tontos
quem vive a saudade
sabera falar de saudade
(Romar Beling)
o mundo da voltas
(revoltas)
e nos deixa tontos
quem vive a saudade
sabera falar de saudade
(Romar Beling)
Havia sempre um lugar para voltar. Depois de cada incendio. Cada ponte derrubada ao fogo das magoas. Havia sempre um lugar para voltar.
Com as roupas rasgadas, a alma em farrapos, havia sempre um jeito ou outro de carregar uma saudade, em ombros cansados da guerra, em bracos longamente ansiosos de abracos, de um afago, ou de uma coisa ou outra para segurar.
Haviam sempre pessoas acenando por outras ruas, noutros aeroportos. Estava sempre em outro fuso horario. Em outro idioma. Sempre estrangeira de si mesma. Era sempre outro pais, outro oceano. Estava sempre trocando a asa, o folego, o pranto. A custas de qualquer trocado, de qualquer migalha de pao ou de afago. Eram sempre outras cores. Nunca as suas.
Em seus desertos aridos, fartos da seca e do nao, soletrava palavras ao vento. Poemas que ficariam para sempre sem traducao. No adeus, havia sempre a vontade de ficar. Havia sempre a vontade de partir.
Fantasma de si mesma. Faminta, selvagem, fugas. Exigia sempre coisas grandiosas demais para depois reclamar de suas dimensoes tao obscenas.
Seguia sempre a virar a pagina de outro dia, como se o desastre fosse apenas um jeito torto de contar estorias. Mas toda vez que olhava pra dentro; havia o peso de uma saudade que lhe atrapalhava um passo ou outro, havia uma magoa escondida como a poeira de dias quentes, que vez que outra lhe tirava o ar. Haviam fantasmas cheios de furia a lhe atormentar os sentidos. Havia a loucura beirando em cada esquina. Haviam estas linhas tortas, dialogos, enredos, acenos. E havia a imensa vontade de apagar seu nome.
Ana Frantz
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