As coisas quebradas chegam a mim em caixotes vazios.
A casa impregnada de poeira e bagunça vai aos poucos entonando um mantra silencioso e triste.
Vou então me dando conta do óbvio. Nada nunca me pertenceu, nem mesmo aquele desejo visceral e cego em transformar-te em coisa minha.
Pelo silêncio que me presenteias através de todas as ondas que nos separam, entendo que é apenas nesta ausência das coisas tuas que me encontro outra vez. Sem esmolas nem sombras, vou agora em busca de uma coisa qualquer que me apresente o novo e a alegria que ele traz.
Os cordões de ouro com siglas de amores antigos que foram perdidos nesta travessia, me lembram de que relicários são móveis empoeirados ocupando espaço nos cantos vazios.
Não quero mais esta ilusão. Entulhos sem ocupação.
Outra vez renasço, outra vez me refaço. Para noutra estação empacotar tudo novamente, para lá adiante no dobrar da curva quebrar-se o que em mim eu segurava com tanto cuidado. Cuidado é inútil. O risco é viver.
Desafio então a vida e redescubro um jeito torto de sorrir.
Sou o agora, nele sempre inteira, mesmo quando dói.
Ana Frantz
3 comments:
Gosto desse (modo de escrever) sorriso (inteiro) que nos (faz sonhar) contagia.
:)
Obrigada Rui.
Beijos
Obrigada Rui.
Beijos
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