Minha Clarice, a Clarice da minha adolescencia, a Clarice das minhas tardes solitarias, silenciosas e eternas. Na pequena cidade de torres altas o sino batia, e eu sentia uma solidao imensa. Clarice falava por mim, e eu imaginava ela. Ela em Berna, ela em viagens pelo mundo. Imaginava ela. Fumando feito doida, bebendo uisque e tomando cafe amargo.
Cresci e passei a tomar cafe sem acucar e a imaginar ela. Se fumava um cigarro imaginava a melancolia dela. Se bebia usique me via escrvendo as palavras dela em esbocos de papel. Ah Clarice da minha quase infancia. Da minha tentativa de escrever- dos meus primeiros e talvez unicos personagens- Joana e Ulisses.
A Clarice de um poco de inspiracoes. A clarice que quase sempre so me falou verdade aos ouvidos e quase me tirou lagrimas dos olhos por tamanha identificacao.
A Clarice que me acompanhou em meu primeiro voo para Londres com A DESCOBERTA DO MUNDO-
Clarice Lispector- sera para mim sempre esse abismo de misterio e de magia. De uma literatura que quase respira, que certamente e viva e reluz.
"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Sobre Clarice
Escritora brasileira nasceu na Ucrânia em 1920 e, ainda pequena, mudou-se com a família para Recife, Pernambuco. Mais tarde, veio para o Rio de Janeiro, onde estudou Direito. Consagrou-se como uma das maiores escritoras de nossa língua, escreveu seu primeiro romance aos 19 anos, que foi publicado em 1944. Sua maneira de fazer literatura marca-se pela originalidade e pelo modo anticonvencional com que organizava o texto. Produziu uma obra de impacto e fora dos padrões, única. Vivia pra literatura. Esse trecho de uma entrevista feita com ela mostra bem isso:
Jornalista - Por que você escreve?Clarice - Vou lhe responder com outra pergunta: - Por que você bebe água?Jornalista - Por que bebo água? Porque tenho sede.Clarice - Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva.
Entre vários ótimos e famosos livros, destaque para A Hora da Estrela, lançado pouco antes de sua morte, em 1977.
BIBLIOGRAFIA
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: A Noite, 1944.
O lustre. Rio de Janeiro: Agir, 1946.
A cidade sitiada. Rio de Janeiro: A Noite, 1949.
Alguns contos. Rio de Janeiro: Ministério da Educação, 1952.
Laços de família. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1960.
A maçã no escuro. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1961.
A legião estrangeira. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964.
A paixão segundo G.H.. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964.
O mistério do coelho pensante. Rio de Janeiro: J. Álvaro, 1967.
A mulher que matou os peixes. Rio de Janeiro: Sabiá, 1969.
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Sabiá, 1969.
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Sabiá, 1971.
A imitação da rosa. Rio de Janeiro: Artenova, 1973.
Água viva. Rio de Janeiro: Artenova, 1973.
A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Artenova, 1974.
Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Artenova, 1974.
A vida íntima de Laura. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.
De corpo inteiro. Rio de Janeiro: Artenova, 1975.
Visão do esplendor. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975.
A hora da estrela. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977.
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Ática, 1978.
Um sopro de vida (pulsações). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978.
Quase de verdade. Rio de Janeiro: Rocco, 1978.
A Bela e a Fera. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1979.
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.
Como nasceram as estrelas. 1987.
Correspondências. Organização de Tereza Montero. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.
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