Meu mundo sublinhado em cores de falsete. Em cores cinza carvao. Das neblinas, das tardes londrinas, das escadas da estacao. Meu mundo cor de blue dourado. Minha literatura, Cecilia, Clarice, Lya, Anais, Doris, Helen e Oates. Meus livros empoeirados no chao. Os poemas ganhando virgulas, e o vaso de flores secando vagarosamente. A magia, o feitico, o truque ou a fe. As cartas de tarot, a yoga, a capoeira e a meditacao. Das cartas de amor que nunca recebi. Das flores que raramente vi. Dos perfumes embalando os corpos sedentos, das paixoes. Das conversas a beira do mar, do rio, regadas a vinho. Da palavra que alcanca os esconderijos secretos e nos faz reluzir e acreditar na alegria pura de ser um ser vivo. As visceras e a raiva. A explosao impensada. O sangue quente que verte das veias. Toda a falta. Toda a ardencia.Todo o sonho querendo viver. Toda frase emocionada querendo ser livro ou poema. Sou assim, essa vontade de ir embora, e esse medo de dizer adeus. Essa mistura incompleta, meio voraz e baguncada. A nescessidade da paz e a sede de vida. Sou assim, sempre querendo fazer amigos, sempre querendo fazer amor. Nao consigo calar, quando tenho algo a dizer, mesmo que isso cause dor. Mas sei perdoar, e sei pedir perdao. Meu mundo e pequeno e vasto ao memso tempo. Sou egoista, quero tudo pra mim. Quero a felicidade voraz. Sonho sem os pes no chao, idealizo demais, e quase sempre me frusto com a realidade. Meu mundo e feito de sons, cores e palavras. Feito de uma sensibilidade palpavel e de uma explosao maior ainda. De tudo o que gosto mais e a paz do momento preenchendo tudo o que sou, quando me sinto amada e vejo a vida explodindo em todas as direcoes do meu ser. Das coisas que gosto mais na vida, e estar de bem comigo mesma, de ter amigos verdadeiros ao meu lado, e de estar com minha familia. E churrasco de domingo, cerveja gelada, caminhar sem rumo, e Tate Modern e Brick Lane. E pegar um aviao, e pular no mar, e acordar tarde. E sair pra dancar, e beijar na boca, e massagem nas costas. E tratamento 5 estrelas, e acampamento no mato. E cheirinho de casa materna, e o jardim da vo. E reencontro. Sao as voltas que a vida da. E a boa noticia. E o reconhecimento. E um abaraco sincero. E aviao pousando no Salgado Filho, e aquela vontade que da de beijar o chao. No mais sou assim, do sul. Nomade de coracao, sangue cigano que quer sempre regressar. Meu mundo e feito de ilusoes, de saudades, de vontades. Gostaria de ser atriz, para poder viver mil vidas em uma so. Sou apegada. Mas nao gosto de monotonia. Quero mudancas a todo momento- mas nao sei lidar com o que se vai. Sou corajosa. Me considero forte, muito forte, mas extremamente sensivel. Gostaria de ser poeta, ou escrever romances. Gostaria de ser fotografa ou jornalista. E uma vez pensei em ser medica. Mas nao sou nada, nenhuma profissao que me defina.
Sou sobrevivente. Sou aprendiz. Estou sempre em busca. Sou guerreira. Sou amante. Eu sou assim...
Ana Frantz
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