Sempre tive a impressao, de que depois de uma grande tempestade, o arco-iris que se tatua no ceu, traz alem das cores, um silencio profundo de alivio. A terra, que acaba de ser lavada pela chuva, rejuvenesce e fecunda. Sempre gostei dos cheiros que a tempestade brota na terra. E a sensacao que da, e como se o mundo parasse de girar por um segundo. E todas as coisas concentradas nelas mesmas, se acreditassem o bastante.
Mas tempestades tambem podem desabar uma estrutura inteira, podem destelhar por completo, nossa casa de dentro, e assim, despidos, seguimos pelas ruas, inundadas. Catando pedacos e restos, nos revestindo aos poucos, recriando, qualquer jeito nosso, e no dobrar da esquina, o arco-iris desponta no ceu! Fazemos uso entao, do silencio sagrado e da gargalhada mais alta.
E la se vao os ventos, criando redemoinhos na zona do horizonte onde nosso destino ja tracado, ha tempos atras, nos dita os passos, ja cradenciados, nesse bale de asas e pousos. Na metamorfose os silencios trazem a cura, e o respeito que dedicamos, aqueles que tem o poder de nos destruir por inteiro. Os silencios, tambem parecem assoviar baixinho para os rouxinois escondidos nos verdes arbustos, que voam entao ao nosso encontro ensaiando as cancoes mais belas que nunca antes haviamos ouvido, mas que trazem, o puro nectar de se estar vivo.
E la me trazem os ventos, tudo de novo, as coisas que esqueci num cantinho, os amigos que foram passear em outras esquinas do silencio, aquele brilho que havia perdido. E la me veem os ecos dos sorrisos, o coracao em festa, se expandindo a um ceu repleto de estrelas. E la me veem as tardes ociosas, o sorriso da infancia, a alegria desmedida. Me veem o sonho espreitando, me espiando, me testando. Me veem o amor, vestido em roupa de gala, me dizendo - Nao tenha medo! La me veem a poesia simples a me sorrir, me vem o doce prazer, de uma amizade que so me faz bem, me veem as palavras doces que derretem por dentro o veu da alma. Me veem com os ventos da tempestade as coisas todas que achei ter perdido em meio ao redemoinho, elas me caem ao colo intactas uma a uma, talvez alguma cor tenha se apagado, um objeto ou outro se quebrado, mas tudo que sempre foi vital, ressurgiu.
La me veem, a vida, me sorrindo faceira, abrindo seus bracos em redencao, me pedindo o voo, a ascencao. Aceito faceira e me entrego entao.
Ana Frantz
2 comments:
vejo uma sintonia entre nós, de um reconhecimento dessas tempestades, ventos e novas cores recobrindo os desastres, doces e amargos, desses porvires que nos fazem versar o silêncio opressor ou muito mais solúvel que imaginamos. achei tão interessante contarmos em versos diferentes a mesma sensação, num mesmo momento. brindemos então a essa renovação que chega de leve, como o teu bater de asas. te beijo menina. =*
eba!!!
t.amo
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