Os anos vao passando lentamente. Lentamente adiciono risquinhos num calendario, um, dois, seis anos. Lentamente, muito lentamente, vou tentando me livrar, das memorias mais fortes, preciso deixa-las ir, pois o peso de sua existencia, e quase insuportavel, as cores sao ainda muito vivas. O cheiro, o tato, sao ainda muito reais, para serem apenas memorias. Entao as expulso de mim, e as deixo ir, como um balao voando no ceu.
Mas sempre fico com aquela incerteza; se fechar os olhos temo que elas voltarao uma a uma, e mais uma vez vou sentir o cheiro daquelas tardes, os sorrisos, os abracos, o jeito como o sol atravessava o vidro da janela, para iluminar o vaso de rosas na sala.
E engracado como em meio a solidao quase nada faz sentido, quase tudo emerge desse imenso vazio, dessa ausencia das coisas mais belas que a vida cria. Eu ja fui amante da solidao, mas hoje anseio a companhia. Anseio amar! Me cansei de amar as coisas idas, o passado e suas noivas- as memorias; essas que nos indentificam como individuos, mas que nos ferem, devagarinho, ate nao haver mais espaco para o sonho. Porque elas, nao sao capazes de nos dar nada em vida, se nao a ilusao, a triste e dolorosa nostalgia, dos anos que passaram, da juventude que passou, dos abracos que se apartaram com o tempo.
Fecho os olhos em oracao, e peco que tenha a coragem suficiente de me atirar de peito aberto ao presente, de ansiar pelo futuro, de fechar atras de mim, a porta do passado, essa que abro e fecho constantemente, quando o mundo la fora me assusta. Preciso deixar a menina de lado, deixar de lado os amores, os amigos, que optaram seguir outro caminho. Preciso entender esse ciclo vital que muda os personagens, que mistura os cenarios. Preciso aprender ainda mais com a solidao essa velha amiga que me acorda com o silencio nas manhas.
Mas por mais que eu tente fingir, a dor da perda ainda arde em mim, pois ainda amo os que decidiram sair da minha vida, quebrando todas as vidracas. Ainda amo, esses que me atingiram em cheio me deixando perplexa no meio do caminho, olhando minha dor arder, sem saber para onde seguir.
No entanto, busco ainda um sentido maior para tudo isso, que acostumamos a chamar de vida. Busco um amor maior. Busco a certeza das coisas que ficam. E agradeco aos que ficaram, perdidos nas distancias, nos e-mails, nos telefonemas, nas conversas pelo msn. Agradeco quem nao me esqueceu, aos que me perdoaram, e me deixaram entrar novamente. Aos que voltaram de mansinho, nem que para, um simples ola. Agradeco ao amor dado gratuitamente a amizade oferecida voluntariamente. Agradeco quem me permitiu amar, sem a triste sina, do findar.
Lentamente vou seguindo, buscando a cura, ou uma explicacao, para tudo aquilo que acabou.
Ana Frantz
1 comment:
Oi meu amor!
"Um simples olá"...
Te amo muito.
Estou aqui, viu?!
Sua solidão é a melodia dos teu textos, pelo menos por enquanto...Pois estamos aqui!
Sempre!
Vou mandar email...
Bjo linda!
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