E eu andei por ai. Correndo sem direcao, dormindo demais, amando pessoas erradas, esquecendo me de quem eu nao deveria. Andei pensando. Sonhando sem os pes no chao. Fiz fogueiras. Incendiei meus anseios em meio a ventania de chuvas de verao. Andei revendo. E quando olhei a velha fotografia, embora tenha ficado muito triste, a lagrima nao quis cair.
Andei assim. Sem mais nem menos. Andei feliz. Muito feliz, de uma alegria tao extrema que quando passou me jogou no chao com uma furia tremenda. Andei me embriagando e dancando todos os sons que eu nunca havia ouvido. Dai em uma tarde, regredi, e voltei a rabiscar o passado, com as velhas aquarelas que ja nao colorem mais. Me angustiei quando vi tudo passando pela minha janela. O passado sempre se adiantando na minha frente, levando de mim, a enchurrada e o arco-iris.
Olhei de novo a fotografia antiga, por horas e horas, a fim de entender, o porque de tantos finais. E foi como se eu esperasse uma resposta daquelas pessoas na fotografia, elas caladas, me sorriam, sem terem nada a me dizer. Talvez certas coisas, nao possuem explicacoes. E assim ha de se conviver com o eterno silencio das entrelinhas.
Andei por ai com estranhos e tentei questiona-los. Mas nada lhes arranquei. Andei com velhos amigos pelas ruas. Visitei Oxford e fui em shows de Rock. Tive encontros e despedidas. Fiquei doente, muito doente. E febril temi a solidao concreta me espiando da janela.
Mas agora estou sa. Insana com alguns intervalos de sanidade. Que sao sempre dos quais me angustio mais. Nao suporto o tedio do silencio, que certas tardes impregnam nas paredes. A loucura e que me salva, dessa mulher gritando em mim palavras de socorro. Dessa mulher que grita, mas nao sabe que e feliz. No caos dessa cancao. No vicio de amar a vida e suas coisas. Nessa intensidade enlouquecida, mas tao humana. E na inevitavel solidao, que vez que outra, chega estracalhando todas as vidracas.
Ana Frantz
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