Na agonia do sonho, embalo minhas estrelas coloridas numa caixa toda rosa. Ah os sonhos e o gosto de aventura que eles trazem. A pureza que desperta dos meus olhos quando a rosa nasce no vaso apos uma noite fria e me sussura no ovido que quase nada e impossivel.
O que sabemos sobre perseveranca, nos indagam os mais velhos. E eu digo que a perseveranca sao as arvores no outono se dispindo para o vento e que mesmo nuas dancam para ele, sem a vergonha dos covardes. O que digo da perseveranca e o que meus bracos criam quando se abrem; as asas, que me permitem os voos mais longos. A entrega cega, para o que aprendemos a gritar de destino. Ah o destino, tao fugaz e faceiro, passeando pela minha avenida. E o que indaga esse velho amigo? O que me pede em solucos, esse meu destino? Feito de asas e tombos. E de todas as coisas que me esqueci.
Da perseveranca dizem, nasce o milagre. O que tu buscas com tanta afobacao. Paciencia, eles nos imploram, porque nem sempre e facil, ser humano, nessa tao humana lida.
Seguimos entao. Quase sempre querendo olhar um pouquinho pra tras, espiar as dobrinhas escondidas do tempo, no velho livro empoeirando na estante. O adeus que as vezes dizemos com tanto prazer e loucura, e o que dizemos sempre nao querendo dizer; o que dizemos com a dor infindavel nos olhos. A dor que eventualmente nos cegara para o belo.
Ainda assim seguimos. Com as marcas que nos fizeram mais humanos ou mais deuses.
Mas quase sempre, perdemos, o que nao podiamos perder.
Quase sempre sobrevivemos, quando era mais facil morrer. Ultrapassamos o obstaculo e esquecemos de doer. Quase sempre a lagrima seca, e nao ha mais o pranto que alivia. Quase sempre nos curamos dos resfriados e nos salvamos da multa por um triz. Quase sempre esquecemos do quao raro, e estar vivo, com o ar entrando e saindo dos pulmoes. Quanta coisa junta precisa dar certo dentro da gente, para o coracao bater no mesmo ritmo em que as celulas fazem cocegas no nosso sangue.
Quase nunca conseguimos proteger o que e bom dos danos da erosao de tudo o que nao e eterno. Quase nada temos. Tao raras sao as certezas. Tao precioso, o tempo que dispomos. Usa-o!
Para o milagre da vida me entrego e sou sua escrava. O ar que entra em mim, passeando por onde nunca vou estar, e o sopro que me traz paciencia. Repouso meu olhar sob todas as coisas que nao me fazem sentido e admiro o que nao sei ou entendo.
E o misterio segue sempre arteiro com seus segredinhos.
Ana Frantz
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