Ela mede a distancia entre a Terra e ela, e toda vez que ela fala desse abismo que nos distancia, eu olho calada para dentro e enxergo do que sou feita.
A distancia entre todas as coisas; e mesmo um espaco vazio. Espacos cheios, abarrotados de saudades, de vontades e da impossibilidade em agarrar o tempo enquanto ele nos foge sorrateiro pelos ponteiros do relogio, enquanto sonhamos com o impossivel e nem observamos as nuancias do segundo.
O silencio das coisas idas e sempre o que doi mais. Mas tudo e o antes e o agora. Quase tudo e memoria e imaginacao. Teco minha colcha dos retalhos com os sons, as cores, os amores e os lugares por onde andei. Invento um mundo onde encontro no linear do tempo a voz do silencio de todas as coisas nao ditas e os segredos traduzidos no olhar. Nem sempre e suficiente agarrar tudo com as duas maos, ha tambem um certo prazer em observar como as coisas amadas flutuam num ceu que nao nos pertence, preenchendo os espacos alem da atmosfera terrestre, alem do que poderiamos limitar em nos. A chama vital de ver no outro a ponte que nos reconectaria com nos mesmos, o caminho seguro para a casa de dentro.
Me atiro nesse eter sagrado das coisas nao ditas, ha tanto em mim ainda, que tambem anseia nascer. Ha tanto caminho ansiando uma chegada. Minhas perguntas, sem resposta, pairam no ar, como estatuas que escolpi com minhas proprias maos. O telefonema sem esperar, na noite que ia se despedindo de mais um dia, deixou claro nas entrelinhas e no suspiro da voz, que ele tambem se perdia nesse eter das coisas idas.
Ana Frantz
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