Luto contra este abismo em mim. O olho com a calma de quem ja aprendeu que com as perdas, so ha um jeito. Perde-las. Na margem deste penhasco, meus pes que quase se perdem entre o ar e o chao, ensaiam pequenos saltos, para que a brasa muito quente, que faisca ainda das cinzas, nao os firam em demasia.
Talvez o bonito disto tudo, esteja mesmo neste compasso indefinido, na valsa que no outro instante e samba, e no samba que se torna blues em um segundo. Nem sempre o aprendiz consegue trocar os passos na hora certa da marcha, e no deslize de um tropeco ou outro, tambem se danca.
Quem sabe esta senhora aspera e ardua esconda em seu vestido sujo e rasgado o ganho maior. A conquista da propria autenticidade. Porque e nas perdas que reconhecemos e luz que nunca se apaga. No silencio de um quarto escuro esta luz vem nos mostrar que ha apenas uma unica coisa que nao se pode perder nunca, a luz da esperanca. A espera de dias melhores. De tardes amenas. A espera da calma e da sorte que eventualmente sem avisar vai encher o caminho de flores, amigos e amores.
Guardo esta dama verde; a esperanca. Na minha caixinha de joias favorita. Deixo ela adormecida, livre para criar os sonhos do amanha.
Ana Frantz
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