Tuesday, 10 September 2013
Wednesday, 21 August 2013
Sim & Nao
Os dias desfilam seus vestidos estranhos sob meus olhos quase sempre pacientes, a espera de uma beleza ou outra, escondida debaixo de alguma saia.
E quase sempre lento os enredos, quando vivo mais de uma historia em apenas uma hora. Mesmo assim, me cansa o passo. O destino brincando de sim e nao comigo, como se quisesse imitar o mar, no recuar e avancar das ondas, fazendo chacota com a vida que tento controlar.
Rodopio sozinha num labirinto construido as pressas por quem anseia por algo que perdure mais do que um dia.
Costuro minha colcha de retalhos, fiapo por fiapo, no entanto o fiapo anseia ser o pano inteiro.
Ja nao busco eternidades, no entanto gostaria de encontrar algo que dure muito mais do que estes minutos efemeros das certezas.
Ana Frantz
E quase sempre lento os enredos, quando vivo mais de uma historia em apenas uma hora. Mesmo assim, me cansa o passo. O destino brincando de sim e nao comigo, como se quisesse imitar o mar, no recuar e avancar das ondas, fazendo chacota com a vida que tento controlar.
Rodopio sozinha num labirinto construido as pressas por quem anseia por algo que perdure mais do que um dia.
Costuro minha colcha de retalhos, fiapo por fiapo, no entanto o fiapo anseia ser o pano inteiro.
Ja nao busco eternidades, no entanto gostaria de encontrar algo que dure muito mais do que estes minutos efemeros das certezas.
Ana Frantz
Jack London
“I would rather be ashes than dust! I would rather that my spark should burn out in a brilliant blaze than it should be stifled by dry-rot.
I would rather be a superb meteor, every atom of me in magnificent glow, than a sleepy and permanent... planet.
The function of man is to live, not to exist. I shall not waste my days trying to prolong them.
I shall use my time.”
― Jack London
I would rather be a superb meteor, every atom of me in magnificent glow, than a sleepy and permanent... planet.
The function of man is to live, not to exist. I shall not waste my days trying to prolong them.
I shall use my time.”
― Jack London
Furacao
Um furacao.
Era a melhor forma que havia encontrado para descrever o que a presenca daquele homem rodopiando na minha frente havia causado em mim. Logo eu, que naquela noite, era apenas uma silenciosa bailarina, cantando baixinho ao som dos meus proprios ruidos.
Depois do susto, o ingresso certeiro para a montanha russa, arrancando calafrios de medo pelas alturas em que subiamos, desafiando qualquer estrutura que nos roubasse o direito de uma vista mais ampla. Na descida ja a ansia por novas vistas e o frio na barriga pedindo para que os orgaos internos nos saissem pela boca, para cederem mais lugar para a alma, que expandia, em cada respiracao.
Mas assim como chegou cheio de barulhos e velocidades me arrancando suspiros que ja nem sabia que ainda existiam em mim, com a mesma velocidade foi saindo, como se tivesse aparecido apenas para me mostrar a intensidade das coisas e suas volupias.
Ana Frantz
Saturday, 17 August 2013
Friday, 16 August 2013
So much to say, so little time...
A vida de volta a Londres tem sido uma constante aventura. Tenho muita coisa para dividir e mergulhar em mim, mas tem me faltado tempo. Tenho me dedicado a fotografia, a encontrar um trabalho em um escritorio para as contas diarias e ainda uma nova casa.
Como poeiras de estrelas atiradas ao vento, as coisas aos poucos parecem se aquietar em seus cantos, e na medida do possivel, voltarei a escrever.
O ano que passei no Brasil, escrevi pouco, EU SEI. Talvez, porque tenha sido um mergulho tao intimo, que nao poderia dividir com mais ninguem, POR TANTAS VEZES nem sequer comigo mesma.
Aos poucos as palavras voltam a ganhar o enredo das linhas.
Beijos com asas, em todos voces que acompanham ha tantos anos o Bale das Asas.
`
Thursday, 27 June 2013
Self Portraits. E1. Underground Room. London. Summer 2013
Life is truly known only to those who suffer, lose, endure adversity and stumble from defeat to defeat.
Anais Nin
Life shrinks or expands in proportion to one's courage.
Anais Nin
I postpone death by living, by suffering, by error, by risking, by giving, by losing.
Anais Nin
And the day came when the risk to remain tight in a bud was more painful than the risk it took to blossom.
Anais Nin
We travel, some of us forever, to seek other states, other lives, other souls.
Anais Nin
“But I welcome the darkness where the two eyes of that soft panther glow. The darkness is my cultural broth. The enchanted darkness. I go on speaking to you, risking disconnection: I’m subterraneously unattainable because of what I know.”
― Clarice Lispector, Stream Of Life
Anyone who has experienced a state of grace will know what I'm talking about. I am not referring to inspiration.
Clarice Lispector
Do you know that hope sometimes consists only in a question without an answer?
Clarice Lispector
And I didn't know that danger is what makes life precious.
Clarice Lispector
I miss the people I didn't say goodbye to, the things I let go, who I had but didn't want to.
Clarice Lispector
n
n
Anais Nin
Life shrinks or expands in proportion to one's courage.
Anais Nin
I postpone death by living, by suffering, by error, by risking, by giving, by losing.
Anais Nin
And the day came when the risk to remain tight in a bud was more painful than the risk it took to blossom.
Anais Nin
We travel, some of us forever, to seek other states, other lives, other souls.
Anais Nin
“But I welcome the darkness where the two eyes of that soft panther glow. The darkness is my cultural broth. The enchanted darkness. I go on speaking to you, risking disconnection: I’m subterraneously unattainable because of what I know.”
― Clarice Lispector, Stream Of Life
Anyone who has experienced a state of grace will know what I'm talking about. I am not referring to inspiration.
Clarice Lispector
Do you know that hope sometimes consists only in a question without an answer?
Clarice Lispector
And I didn't know that danger is what makes life precious.
Clarice Lispector
I miss the people I didn't say goodbye to, the things I let go, who I had but didn't want to.
Clarice Lispector
n
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Tuesday, 25 June 2013
Desejos
Desejo que meus desejos aconteçam. Mas não todos. Não depressa demais a ponto que mal possa saborea-los, com o contra ponto da amargura de alguns dias de escuridão. Precisamos de certa incerteza na vida, para manter acesa a coragem de viver um dia de cada vez, como uma coisa única. como se fosse o último. Muitas certezas anulam esse gosto da aventura da existência.
As certezas são morfinas, são mórbidas e ofuscam o sonho na sombra egocêntrica e mentirosa. Quem não está constantemente em metamorfose é porque já se cansou da vida. Estar vivo é dar a cara ao tapa, é criar sonhos maiores que a possibilidade vã de cada dia é ir além quando não se têm mais força para virar a esquina.
Prefiro bem mais a dureza dos novos começos a me entregar velha e lenta ao confortável uso da rotina.
Troco amores quando a poeira tatua suas entranhas, troco de casa quando a teia da aranha Ă© maior que o buraco na fechadura, troco de paĂs quando a lingua já nĂŁo entona um poema qualquer que me sacie essa sede de viver tudo aquilo que eu nĂŁo entendo.
O misterio da existência esta no milagre do não saber e mesmo assim se entregar por inteiro como se já soubesse.
Sou filha da fĂ© inconsciente. Sou cega e minha cegueira me obriga a tatear os objetos por onde passo com os dedinhos sensĂveis do coração. A vida exige de mim a coragem da infância, com a inocĂŞncia de quem nunca caiu e nĂŁo conhece a dor do joelho esfolado. Sou a criança de mim mesma buscando novas aventuras no jardim de casa. Todos os jardins sĂŁo minha casa e o medo nĂŁo tem enredo nas minhas brincadeiras.
Amanhã está novinho em folha esperando seus rabiscos. Vá para o seu jardim!
Ana Frantz
As certezas são morfinas, são mórbidas e ofuscam o sonho na sombra egocêntrica e mentirosa. Quem não está constantemente em metamorfose é porque já se cansou da vida. Estar vivo é dar a cara ao tapa, é criar sonhos maiores que a possibilidade vã de cada dia é ir além quando não se têm mais força para virar a esquina.
Prefiro bem mais a dureza dos novos começos a me entregar velha e lenta ao confortável uso da rotina.
Troco amores quando a poeira tatua suas entranhas, troco de casa quando a teia da aranha Ă© maior que o buraco na fechadura, troco de paĂs quando a lingua já nĂŁo entona um poema qualquer que me sacie essa sede de viver tudo aquilo que eu nĂŁo entendo.
O misterio da existência esta no milagre do não saber e mesmo assim se entregar por inteiro como se já soubesse.
Sou filha da fĂ© inconsciente. Sou cega e minha cegueira me obriga a tatear os objetos por onde passo com os dedinhos sensĂveis do coração. A vida exige de mim a coragem da infância, com a inocĂŞncia de quem nunca caiu e nĂŁo conhece a dor do joelho esfolado. Sou a criança de mim mesma buscando novas aventuras no jardim de casa. Todos os jardins sĂŁo minha casa e o medo nĂŁo tem enredo nas minhas brincadeiras.
Amanhã está novinho em folha esperando seus rabiscos. Vá para o seu jardim!
Ana Frantz
Monday, 24 June 2013
Thursday, 30 May 2013
Retorn(ar)
They might know you best
and love you most
but I would breath you in
and be your ghost
Retornar a algum lugar, significa acima de tudo rever antigos fantasmas.
Todo mundo possui um fantasma, ou muitos. E eu nao seria nem um pouco diferente de todo undo.
O que me surpreendeu foi mesmo o grande susto de ja ter enterrado o mesmo fantasma tantas vezes e ao encontra-lo no mesmo lugar ve-lo ressucitar frente ao meu coracao aos pulos.
Estranhei o quao pouco entendo do Universo em mim mesma. Seus codigos e portoes de ferro tramado em 'art nouveau' permitindo entrada somente a suas mais razas certezas, no obscuro tragar do aroma, as mais indescritiveis surpresas.
Sou um misterio pra mim mesma.
Retornar a qualquer lugar exige coragem. Nao se sabe quem ainda respira por debaixo dos escombros do passado. Ir embora exige coragem. Nao se sabe, o quao vivo os fantasmas se tornam nas distancias. Permanecer... Diria que apenas os covardes permanecem sempre no mesmo lugar. Mas isto nao seria verdade. Apenas porque nao saiba permanecer, nao posso alfinetar a permanencia no mural dos covardes. Viver exige coragem. So e covarde quem nao encara suas proprias verdades, mesmo quando elas doem, mesmo quando elas chegam assombrando, revirando do avesso o que achavamos que ja haviamos organziado dentro de nos.
Neste retorno tanta coisa mudou. Meu coracao se fortaleceu. Certos lugares mudaram. Outros nao. Vejo tudo com uma pelicula diferente e ao mesmo tempo digo 'hello' a tudo como um velho conhecido. Nao ha mais o gosto agucado do novo, nem nas dores, nem nos sabores. Sera assim o envelhecer?
Enquanto tateio no escuro a porta de saida do velho casarao abandonado, vou convivendo com meus fantasmas, vou tentando encontrar um folego novo, outro ar para as dores antigas, e a esperanca de que os velhos fantasmas nao me assustem mais.
Ana Frantz
Friday, 17 May 2013
Queda livre
Em FĂsica, queda livre Ă© o movimento resultante unicamente da aceleração provocada pela gravidade. No Universo de Ana Frantz queda livre e aquele frio na barriga, quando parece que o coracao vai literalmente sair pela boca, e espantado nos encarar nos olhos indagando: Para que tanta intensidade?
Quando decidi deixar uma vez mais o Brazil e retornar a Londres com nada mais do que duas malas e uns trocados no bolso, a sensacao que tive foi a de estar saltando de um aviao a milhao por hora, sem saber ao certo as coordenadas geograficas de onde eu aterrizaria.
E isto me facinava e me interrogava.
Durante os interminaveis dialogos na frente do espelho, me deparei com a seguinte conviccao. Sou no momento, uma engenheira de castelos de areia!
Desenvolvi um prazer imenso em imagina-los a cada manha, monto a estrutura, escolho a arquitetura e ate mesmo os habitantes do castelo. No dia seguinte comeco a construi-lo, grao a grao. Cada projeto possui seu tempo proprio. Nao gosto de acelerar as coisas.
Depois de construido o Castelo fica pronto ao sonho, a brincadeira logo vira rotina, ate que uma ventania destroi a primeira torre e uma onda mais forte invade a porta da frente inundando tudo por dentro.
E hora de mudar de novo! Entrar em qualquer aviao e em alguma altura imensa se atirar novamente em queda livre, confiando que as coordenadas me deixem em um terreno fertil, para alguma outra construcao.
Quase sempre ansiamos por certezas. Mas esquecemos que a grande fascinante realidade e justamente a falta delas . O inesperado amanha se desenha enquanto sonhamos de olhos fechados, sem desconfiarmos que logo pela manha estamos agendados para um voo de queda livre. Mas e dai? E tambem de intensidades que se vive, talvez so mesmo o frio na barriga, e o que justifique toda uma vida.
Ana Frantz
Chegadas & partidas
Pode ser.
O fim desperta aquele apego ao sagrado que nos temos. Ninguem quer a morte, so saude e sorte, eternizou Gonzaguinha.
Nos momentos de chegada me sinto como um bebe, pelado, tremendo de frio, testando minhas cordas vocais pela primeira vez a um mundo totalmente alienigena.
O que gosto mesmo e nascer de novo! Com todos os arrepios que isto traz. Tantas e outras vezes, tantas e quantas vezes for preciso, para continuar viva. Ainda que para isto precise morrer.
AF
LIFE IN LONDON AGAIN STATUS:
I am feeling like trowing myself on a bumping jumping at 1.000000 feet high every day!
Scary & exciting it's all the same!
Monday, 13 May 2013
Regresso
Outra vez volto.
Mas ja outra, desfaco me dos atropelos das desilusoes.
Tento conter em mim a calma presenca que acalenta e cura, quando ao me ver refletida nos olhos do outro, o que vejo e apenas um espelho que devolve a minha imagem.
No recomeco, as paginas em branco esperam serem escritas, nao me apreco em tentar adiantar a hora e deixo que cada coisa nasca e floreca em seu tempo. As vezes lento, noutras tao rapido que nem percebo, que ontem era ainda apenas uma projecao no tempo.
Minha velha cidade grande lanca seus tentaculos sobre mim, e uma vez mais caio de amores por suas tentacoes tao traicoeiras e a solidao silenciosa, concreta e viceral de suas antigas arterias.
Me deixo perder-me de mim mesma e das tristes conviccoes que um dia sedimentaram meus alicerces e regresso ao meu velho mundo, toda inteira dos mundos novos em mim.
Ana Frantz
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