Saturno e Urano estão opostos no céu astrológico: o velho e o novo, o passado e o futuro, o que já foi com o que pode ser. Estamos vivendo este limiar, a necessidade de complementar esses opostos, criando uma ponte entre esses mundos. Mas para isso é... preciso vencer o medo do desconhecido, ousar a singularidade e construir na realidade o que agora ainda é uma visão... Isabel Mueller- Astrologa
Meu Saturno pousa mansinho no ceu das memorias. Posso assim ouvir os ecos com a nitidez da flauta magica, so nao posso trazer de volta o aroma daquelas tardes e o toque macio que so quem foi amada assim pode sentir. Meu olhar aplana na distancia, o horizonte que nao quer encontrar um fim. Mas ja nao posso regressar, voltar e verter o sangue ja derramado em demasia. Em demasia por aquele tipo de amor.
O sacrificio. A negacao. O peso de carregar comigo aquelas maos. Oro longamente para que o deixe ir. Que se va entao, o longo e demorado amor. Mas que enfim, nao parece ter remedio e longamente eu me perco no desejo tao insano de te-lo enlacado em minha cintura e em suas maos a algema mais dura. Longamente sento a admirar nas distancias o peso da dor, das coisas idas, da sombra que fica paralizada ao chao e que insiste em nao seguir o corpo, ja a frente dobrando a esquina.
Minha alma espera em segredo por ele. E eu quando a descubro assim calada, tremo toda por dentro. Como ha de haver ainda tanto amor? Depois das longas madrugadas, do frio machucando a pele coitada. Da solidao, rispida, seca, urbana. Depois ainda, de escaldar, cada grao, do que eu era entao, ainda assim, ele sobrevive em mim e se expande demoradamente nas arterias dessa nova mulher, que se mutila e renasce a cada dia, numa tentativa alucinada em matar enfim essa seiva sagrada. Tamanho amor que aniquila em negacao. A impossibilidade que o nao ordena. O sol que se poem no horizonte para jamais renascer no outro dia. A porta que se fecha a sete chaves e nao mais permite os devaneios de quem por ali, ja passou um dia.
O novo capitulo se deita sobre meu olhar triste. Ja nao queria o novo. Ler o mesmo poema ate decorar cada palavra de dor e do extase, que e estar imerso nesse diluvio. Ah o mal de amar! Mas como eu te preciso velho desbotado amor. O novo que chega como uma valanche me assusta e ansiosa tento me agarrar no que vejo. Mas quando anseio protecao, e ainda, aquele mesmo olhar na escuridao que procuro. As sardas que contornam aqueles olhos, sao elas que anseio beijar, com o gosto da saliva de quem chora. Ja nao consigo chorar por ele. E quando tento e como se um deserto se abrisse em mim. Nao consigo mais chorar pela velha dor. E sinto entao inveja das noites que solucava em pranto desesperado por aquele amor.
Sofro calada, em segredo. Canto o antigo nome baixinho, para ver se o espanto de dentro de mim. Mas a verdade nua vem correndo atras, me perseguindo entre os labirintos que eu criei para me perder dele. E quando aquela pulsacao descontrolada me ataca, me rendo entao. Mas me rendo ao nada, a falta. E somente a falta me abraca. O silencio que ele impera, como rei soberano na terra. Na minha terra, quase sempre em cio. O cio demasiado e sincero que longamente espera um alivio.
Ana Frantz
1 comment:
Lindooo...como sempre, amiga!
Por um momento senti algo de novo pintando por aí;;;
Espero que eu esteja certa...But...
TE AMO MUITO,
tINA
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