E que ela tinha um amor. Carregava no peito ate mesmo quando ardia, como ortiga arde a perna quando se anda no meio do mato. Mesmo ardendo; o amava.
Este amor que era sem carne e osso mas tinha uma alma intensa. Quando lhe abria a porta da casa, ele atirava rosas por sua cabeca e a beijava macio frente a testa. Como se assim fazendo acendesse uma lamparina que iluminava a noite adentro.
Quando ele se atirava no sofa, cansado da danca e do vinho, ela passava seus dedinhos suavemente pelo seu corpo, imitando o movimento que borboletas fazem quando voam. Sua pele ao toque dela era sempre um cortejo ao arrepio, que adentrava seus poros ate fazer cocegas no seu intimo intocavel e indefinido.
Era certo que a amava. E se nao a tocava, era por que tinha o pavor de que suas maos tremulas e sempre indecisas pudessem quebrar qualquer estrutura, que a sustentasse. Ela era muito mais importante para ele do que qualquer desejo mundano e efemero. Preferia mante-la assim, intacta as arguras do tempo e das paixoes. Era na amizade com a promessa do pra sempre que morava sua alegria.
Ana Frantz
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