Se ele nao a tocava como os verdadeiros amantes o fazem. Se nao a abracava a noite adentro de seus dias. Se nao lhe enfiava a lingua em sua garganta, mas gentilmente lhe beijava a testa, o queixo, o pescoco e as bochechas ainda avermelhadas do frio que fazia em dezembro em Londres, era entao, menos amor? Se ele so tocava suas maos e delas extraia seu mais intenso perfume; entao isto nao poderia ser amor?
Poderia isto ser menos amor, que qualquer outro amor, que entre carne e suor, se consomem em lencois como animais famintos, para mais tarde esquecerem, o bem dizer de sua companhia? Sem entender a lingua da boca e a do corpo. Cegos estrangeiros sentados lado a lado ao som de qualquer ruido, sem se fazer sentido.
Se ele nao a tocava na carne, era na alma que composia as melhores melodias. E a fazia levitar. A fazia criar coisas belas. E iluminava seu olhar. Eram historias desenhadas a ferro e fogo, eram reais e verdadeiros estes nomes e todos os sons que faziam.
Era amor, ela aos prantos dizia. Era amor, ele aos gritos clamava. Mas ninguem entendia a impossibilidade que havia entre dois verdadeiros amantes.
Ana Frantz
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