As vezes encaro tudo com tanto estranhamento! A vida assume outras formas, e eu nao a compreendo. E como se ela, troucasse de vestido na minha frente, e toda nua me gritasse- Corra para o futuro, Nao tenha Medo!
Mas entao, sei la, o que da. Um calafrio qualquer. Um receio de correr rapido demais e perder o sol que se poem na beira do rio, de perder o reflexo na janela, o assovio do construtor, o sonho do artista. De perder a hora da preguica, o amargo do cafe, de perder de ver as flores murchando lentamente no vaso da sala, de nao notar a poeira se deitando lentamente nas folhas dos livros na estante. Medo de perder o momento, este, ligeiro e sorrateiro, que vai nos escorregando por entre os dedos, o conteudo de uma vida inteira.
E la se vao os dias, os meses, os anos correndo faceiros pelos numeros de mais um calendario que penduramos na parede. E la se vao as cenas na memoria, nos sorrindo em acenos enquanto tentamos relembrar para nao esquecer. Como se tivessemos que passar a vida a limpo por dentro, para nao deixa-la morrer. E como podem, as memorias, carregarem tantos punhais? Como sangro quando as reconheco, uma a uma, no peito.
E a solidao, que hoje vem chegando de mansinho, na tarde que finda, na semana que termina, vem me sussurrando essas coisas da vida, que se vao, e nao voltam jamais. Hoje ja esta se indo. Nao volta. Essa solidao, vem entoando cancoes antigas, da sede de vida, da dor desmedida, de gargalhadas incontidas e do silencio que entra pelas frestas das janelas distraidas, sob o fervor de um por de sol que desmantela os fiapos coloridos daS poeiraS que dancam no ar, feito borboletas faceiras!
Ana Frantz
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