"Provavelmente so se separam os que levam a infeccao do outro ate os limites da autenticidade, os que tem coragem de se olhar nos olhos e descobrir que o amor de ontem merece mais do que o conforto dos habitos e o conformismo da complementaridade.
A separacao pode ser o ato de absoluta e radical uniao, a ligacao para a eternidade de dois seres que um dia se amaram demasiado para poderem amar-se de outa maneira, pequena e mansa, quase vegetal.
So nos dois sabemos que nao se trata de sucesso ou fracasso. So nos dois sabemos que o que se sente nao se trata- e e em nome desse intratavel que um dia nos fez estremecer que agora nos separamos. Para la da dilaceracao dos dias, dos livros, discos e filmes que nos coloriram a vida, encontramo-nos agora juntos na violencia do sofrimento, na ausencia um do outro como ja nao nos lembravamos de ter estado em presenca. E uma forma de amor inviavel, que por isso mesmo, nao tem fim."
Ines Pedrosa
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