Sempre acho que voltamos mais ricos apos uma viagem. Longa ou curta. Tudo depende do olhar que se dedica e se deita ao novo que nos revela aos olhos. O deslumbramento de quem vira uma pagina que nunca leu. Foi pela segunda vez que andei pelas ruelas de Lisboa, e admirei, mais uma vez, os azuleijos coloridos enfeitando as fachadas dos casaroes antigos e ouvi a conversa dos vizinhos na Travessa das Inglesinhas, como se fizesse parte em um filme muito antigo.
Portugal sempre me lembra o Brasil. Tem algo no cheiro da noite. Nas estrelas que despontam no ceu, sem nehuma timidez. Nas ruas largas, noutras estreitas, das subidas e descidas. Dos nomes poeticos nas fachadas das pastelarias. Nos numeros marcando os sobrados, em branco e azul bem forte, como era, la na velha Santa Cruz dos anos oitenta. Nas estradas de paralelepipedos. Rabiscos na culinaria, e e claro na lingua portuguesa.
Lisboa ja havia me cativado, e ao toca-la pela segunda vez, foi como amar de novo. Foi como reler um bom livro. Um papo com Fernando Pessoa e com as deusas do Fado. Imaginar a vastidao do Tejo, e os caminhos, que essas mesmas aguas abriram para o povo portugues. Ver em suas margens sob a noite de estrelas os pescadores a contar anedotas e sonhos, de outras Terras, nos dias idos das descobertas. Que hoje, sao minhas tambem.
A Lisboa provinciana a um primeiro olhar, e a cidade moderna e cultural, para quem da um mergulho mais profundo. A Lisboa que cheira a bacalhau e a poesia. A Lisboa dos velhos no botequim. Das portuguesas de avental sentadas na rua. E inevitavelmente a Lisboa do Bairro Alto e da Fabrica Braco de Prata, as duas cenas noturnas, mais inspiracionais que vi, nas minhas ultimas andancas.
Lisboa tem alma e encantamento. Tem o cheiro de um bom livro que vai se lendo aos poucos, da poesia de uma solidao, que em Lisboa, as vezes e quase palpavel. E bonita tambem.
E nao muito longe dali, tem a Costa da Caparica e o Oceano Atlantico, que mesmo em dia nublado me puxou para um mergulho. Aos olhos extasiados da minha amiga brasileira, que mora la, ja ha um ano e que me recebeu de bracos abertos. Ela exclamava que a agua estava fria,e que eu so podia ter virado inglesa de vez, se entrasse no mar assim. Pois, eu entrei. Nao sei se sou mais inglesa que brasileira, mas a agua, me soou morna apos um mergulho e a vontade que eu tive era de engolir todo aquele mar, so para chegar ate a costa brasileira.
Portugal tem um nao sei o que, que eu tambem nao sei definir. E como um abraco que acalenta, e algo que nos puxa para fora, quando nao nos fazemos entender, com nosso sotaque brasileiro, e com a melodia, que nosso povo adicionou a lingua. As vezes e quase como se fizessemos parte de um mesmo povo, noutras tao distante. Pais e filhos talvez, que se amam e se odeiam e que de certa forma, nao se entendem, mas que nao existiriam, um, sem o outro.
Ana Frantz
4 comments:
Volta sempre!
Folgo em saber que gostaste de Lisboa, uma vez mais. :)
E agora vou "brigar" com a Sra. Dona M. por não me ter levado ainda a mim à Fábrica Braço de Prata. :p
que lindo,amiga.me emocionou
purple kisses
Tudo sob o teu olhar se torna mais bonito e mais gostoso minha amiga! Tudo sob o teu olhar torna-se mágico. Por isso quero-te sempre por perto. Volte sempre! A Travessa das Inglesinhas te espera de braços abertos.
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