Desde sempre; houve o amor e a impossibilidade.
De vez enquando fugiamos. Noutras nos entregavamos muito. O maior medo que sentiamos era o de que a realidade nao poderia ter sido jamais assim, como a viamos; as cores tao intensas, os sons sempre certeiros, ritimados com os passos de danca ou as batidas do coracao. E o riso, aquela gargalhada solta e sempre tao escandalosa. Nao era palco, era a estrada. Nosso maior medo era o de admitir nossa propria loucura. A loucura que nos consumia quando estavamos um na presenca do outro.
Para tanto encontro, havia sempre a fome. E o medo de que se um dia a saciassemos, todo este misterio tambem teria fim.
Entao seguimos, perseguindo um ao outro na imaginacao e nos dias divididos ao sabor das tardes efemeras. No dolorido aperto de maos quando a alma queria sempre o corpo inteiro. Aprendemos desde cedo que o que nos mantinha mais vivos do que os simples mortais era a fome que nunca saciavamos por inteiro.
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