No meu museu das coisas amadas, talvez o tenha guardado como a estatua mais bela. Tao bem desenhada, traco por traco. Havia uma certa delicadeza. As maos muito finas, ostentando qualquer fragilidade que nao existia. Havia um monstro ali que com garras muito afiadas sempre feria meu coracao, tao valente por encara-lo de frente mesmo assim.
Guardo as conchas do mar que ele me trouxe nos dias bons, ate mesmo as pedras que nao nos permitiram seguir tao livres quanto estava escrito nas escrituras. Cuidadosamente dobro os pedacos de seda que ele me deu um dia e organizo as almofadas num canto da sala.
Nem tudo e apenas memoria. Aquele cheiro esta impregnado na plenitude deste final de tarde.
Acolho minha solitude como quem busca a salvacao. Nada faria mais sentido agora do que este silencio e a falsa sensacao de que posso enfim me distanciar para poder ser sa novamente. Inteiramente livre e vazia da felicidade com que ele me intoxicava sempre, para depois tomar de mim.
Ana Frantz
1 comment:
Lindo texto. Leio teu blog todos os dias, te adicionei no Facebook. Sou amiga da Ana Carol.
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