Quanto vazio ainda poderia caber naquela mala velha?
As ruinas do silencio, construindo paredes onde antes havia uma ponte de arame e flores. O pavor de ver se diluir em poeira o que antes era sempre um sonho bom. As cores intensas aos poucos sendo pinceladas pela cinza atmosfera dos dias. Tudo sempre foi, uma grande ilusao.
Nao trocaria este silencio pelo eco daquela risada. A felicidade que ele me oferecia como uma esmola, sempre de migalha em migalha. Se ja nao posso ser o todo, nao quero mais nada. O extase que ele me oferecia vinha sempre manchado de passado e nos. Era efemero demais a companhia. Delicados e frageis os cordoes que ligavam aquilo que julgavamos mais nobre. A amizade.
De vez enquando eramos um exemplo de pureza e lealdade, noutros a ausencia e o silencio tao palpaveis negavam qualquer elo antes desenhado a lapis em um pano muito fino.
Eu sempre estive la.Esperando por ele entre tempestades e raios, noutras em tardes quentes. Houveram noites de muito gelo. Sempre era a mesma sombra a catar caminhos, a espera do chamado e do dia em que fragilizado e sozinho, ele choraria por minha mao. Eu o levaria de volta pra casa, o guiaria com o brilho que as noites muito escuras possuem. Eu o aceitaria de volta ao meu reino intoxicado de liberdade. Portoes sempre abertos ao acaso. O guardiao do sonho.
Agora jogo fora todo o vicio que a presenca dele me causou.
Ja sigo outra. Carrego novos desastres em minhas maos e sonhos mirabolantes que nunca serao reais. Vivo neste imenso jardim secreto com portoes fechados e grades muito altas, so consegue espiar o que acontece aqui dentro quem tem asas. Para os pes fincados no chao, meu acenar de maos e o desejo que nao morram de tedio e solidao.
Aos covardes generosamente entrego minha profunda impaciencia e para quem nao ouviu os desejos mais profundos de seu coracao, dedico minha pena mais profunda e visceral.
Ana Frantz
No comments:
Post a Comment