Entao e assim: uma mulher precisa se cortar em mil pedacos ate se descobrir inteira novamente. Nem sempre e facil entender qual o ultimo galho seco precisamos cortar, para que a luz certa e verdadeira nos irradie e flores novas florecam, quase sempre mais cheirosas do que as que deixamos cair.
Os segredos escondidos no tempo sempre trazem a cura, mas na hora da dor fingimos ignorar qualquer salvacao e nos atiramos de qualquer precipicio, ansiando a morte ou o voo.
Assim como as perdas inevitaveis que chegam estracalhando tudo por dentro, o tempo cumpre seu papel, indiferente se o olhamos ou nao e percebemos a ferida cicatrizando em pequenas particulas, dia apos dia.
O certo e que sempre renascemos; e a cada morte, a outra que renasce em meu lugar, vem cheia de uma graca que antes eu nao tinha, de um olhar, que de certa forma se agigantou; ficou mais profundo. Vem carregando em seus bracos sonhos novos e outras ideias. Vem mais corajosa ainda. Parecendo querer amar com maior intensidade, como se fosse possivel doar aquilo que nao se tem.
E eu a olho com espanto e paixao. Essa estranha que habita agora o meu corpo e sai caminhando leve pelas ruas, foi quem acordou apenas ontem, e nao sabia ao certo onde colocar o tedio dos dias.
Depois de tantos vendavais, acho que entendi o significado do arco-iris. Talvez nao haja nada que justifique mais uma vida, do que o passar do tempo. O dificil e saber esperar, pelos ventos certos, que nos rodopiem na direcao contraria a qual o nosso teimoso coracao insistia em seguir. Uma coisa e certa, os ventos mudam a direcao, dores se tornam cicatrizes e flores voltam a florir na primavera.
Ana Frantz
1 comment:
Si, probablemente lo sea
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