E preciso que venhas, e me colhas serena e muda, nesse jardim do qual eu nao pertenco. Acaso nao sentes que te espero chegar? Sera que nao escutas ao longe esse sussuro? Sempre te espero chegar.
Me deixa te mostar a materia das coisas raras, o segredo das coisas tao nossas, das quais nao podemos mais tocar. Me deixa tocar teus sentidos, te alivia comigo. Ao meu lado seras mais tu, sempre mais a essencia do que realmente procuras. Sera que nao ves, que procuras a mim?
No silencio das coisas que se ensinuam indecentes; seus segredos tao vulgares. Nas tardes que passas ausente, distante de ti mesmo, sei que escutas ao longe uma voz que chama pelo teu nome, para que justifiques tuas dores, para que te dispas dos teus medos, essas certezas tao atrozes, crueis para ti mesmo.
Enquanto te espero, ajoelho em frente ao meu altar, com lagrimas nos olhos eu imploro que venhas me buscar. Esquece que somos feitos de tecidos diferentes, e nos retalhos que a colcha que cobre o corpo febril se faz mais autentica. Tuas cores contornam meus borroes e sou sempre mais mulher quando me pegas pela mao.
Me deixa te despir ate a alma encontrar seu osso e costela, acaso nao sabes, que ha um sabor exotico e unico na impossibilidade que cambaleia no labirinto das verdades? Quando menos espera a verdade te espreita e ja nao tens mais para onde fugir.
Entao te rebusca! E preciso que venhas, nao tem mais geito, de certas coisas nunca teras como fugir. Os segredos que adormecem mansos em teu peito, podem a qualquer momento despertar monstros em ti. Aceita que precisas de mim, da mesma forma que preciso de ti, te livra desse pre-conceito. Ja nao sou mais a mesma e pelo mapa tatuado em minha pele suada, sedenta e voraz, encontraras o atalho que tanto buscas.
Eu sou o comeco e o fim. Entao vem e desagua em mim.
Ana Frantz
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