O mundo anda apressado. Todo mundo anda correndo de uma lado para o outro. Entre estacao em estacao, entre um trem que vai e outro que vem. O carro que para impaciente no sinal vermelho. Ninguem espera, nada merece a chance certa de se estabilizar nos cronometros humanos e tao naturais. Tudo exige a pressa. A pressa de que? De ser feliz? De ser amado na hora certa, antes e nao depois do jantar? A pressa de ser, de ter, de gozar da vida o que inventamos ser tao essencial. Todo mundo corre em busca de algo. As contas aumentam. As contas... E no final do mes o que pagamos e com a alma, por essa mania de sonhar coisas incabiveis, e que no fundo nao nos cabem mesmo.
Mas um dia todo mundo acorda, dessa letargia. A mania de ansiar. A ansia que entao vem pra ficar, e tambem o que nos faz ficar tao extasiados a ponto de nao querer mais, tanto querer.
E no ponto onde tudo quase perde o sentido, e quando redescubrimos a vida, com sua cara de crianca, como quem entrega o nada, e como quem faz sem querer do nada o presente mais bonito. Ah, o presente. As luzes que vao se acendendo demoradamente pela cidade. O sino da St Pauls, sao oito horas o sino anuncia, o padre fazendo forca com a corda pra cima e pra baixo, pra cima e pra baixo. E que sentido ha na hora e no sino que toca? Marca o tempo, lembra a hora, nos acorda para o agora.
Nem sempre e hora de fogos de artificio no ceu, arco-iris apos a chuva, beijo que encadeia uma paixao nova na esquina, o vagabundo com tustoes no bolso. O entregador de jornal que nao consegue convencer quem anda tao rapido pela rua a agarrar de suas maos as noticias borradas em manchetes reais demais. O que nos falta e quase sempre a calma.
Ana Frantz
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