Mas de que serve o encontro consigo, se na pele o arrepio que ericava os nervos da novidade, se faz ausente e na calma desse encontro consigo, nada falta, nada assusta.
E nao era da vida essa agressividade, o medo de perder o que amavamos tanto, cientes de que sem ele, nao saberiamos mais como colocar e tirar o ar de dentro dos pulmoes.
E que quando me diziam que tudo passa, acreditei. So nao sabia que ate mesmo essa forma de amor passaria. Entao perdemos a magia. Para onde foram os fogos de artificio que estouravam no ceu cada vez que eu o via? O arco-iris riscando os ceus, em tom de alivio? E certo que perdemos alguma purpurina dos dias.
Agora somos dois palhacos sem plateia, que se olham com olhos lacrimejados. Nao ha mais nenhuma brincadeira escondida no bolso do casaco, remendado de memorias que tecemos. Mas aqueles ja eram outros dias.
Ele me pede para nunca mais usar as frases no passado, como se tivessemos ja deixado de ser. Mas e que se uso o preterito perfeito, e so porque alguma coisa quebrou no meu peito.
Tentamos varrer essas magoas para debaixo do tapete, so para mais tarde perceber que essa poeira das coisas nao ditas foi acumulando; e agora uma montanha dificil de escalar. Deixamos para depois.
Decidimos nao arranhar com a unha essa ferida. E aceitamos que aquele amor de outro mundo que nos fazia levitar em galaxias nunca antes exploradas, extraindo do olho aquele brilho raro, acendendo todas as luzes da consciencia, como se deixassemos de ser humanos por raros segundos e tocassemos no amago do que e ser um anjo, nada mais era do que mais um amor mundano.
Ana Frantz
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