Nao havia um som, rastro de fumaca, nenhum aviao no ceu.
Nos finais de tarde quando o cansaco vai aos pocos me adormecendo, o que gosto de fazer e sentar na varanda. Meus amigos dizem que a vista que tenho do ceu, de la, e magica. E um olhar amplo, alto, quase poetico. Tem dias que posso jurar, que as nuvens saem correndo ligeiras, quando la me sento, abrindo como cortinas de teatro, ao espetaculo das estrelas. Ah as estrelas de Londres!
Quantos de nos ja rimos em segredo sobre isso. As estrelas de Londres sao diferentes, de todas as estrelas que ja vi, nos ceus do sul. Sao estrelas que se movem, pra la e pra ca, num bale todo delas. As vezes elas piscam, noutras, correm ligeiras em uma direcao, algumas ficam sempre paradas no mesmo lugar, e ha quem diga que estas sim, sao as verdadeiras estrelas. As vezes elas se intercalam, noutras quase se batem, mas sempre me fazem sonhar.
Entao, quando o mundo la fora me cansa, me sento na varanda, ao findar do dia, acendo um cigarro, e me preparo para o espetaculo que as estrelas encenam. A uma ou outra dou nomes. Algumas serao sempre o mesmo personagem. Pessoas idas, outras distantes, e ate quem ainda nem existe em meu enredo. No meu espetaculo interior, elas estao todas la. Cada uma com sua fala, com sua historia, e sempre com seu final feliz.
Ah como gosto das minhas estrelas!
Mas elas sumiram por seis noites. Deixando meu espetaculo sem plateia. Ouvi dizer que a forca subita de um vulcao na Islandia foi quem espantou minhas estrelas de mim. Me contaram que hoje a noite elas estarao novamente la. Entao quando a tarde findar de mansinho, estarei na plateia, esperando minhas estrelas dancarem pra mim.
Ana Frantz
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