E se um dia isso tudo passar? Com que cara, eu, essa mulher nua e sem vergonha nehuma, vai adimitir, que fui capaz de matar o que eu mais amei em mim? Se um dia eu acordar pela manha me sentindo plena e faceira, com que roupa, eu, que nunca sei o que vestir, colherei os vegetais frescos no jardim? Se um dia, esse vai e vem sem fim, e a multidao que me atropela todas as manhas por debaixo da cidade, estiverem apenas congeladas em uma fotografia de jornal, como eu, tao acostumada com o borburinho de idiomas se entrelacando em uma torre de babel, suportara a beleza do canto de uma passaro entre o arvoredo?
E se um dia eu sorrir de novo, com todos os veus que me cobrem, como poderei sustentar as borboletinhas faceiras fazendo cocegas em mim?
E se um dia, o pouso e o voo forem intercalados em uma sonata, como poderei suportar o peso dos meus sonhos todos na gaveta do camarim?
Se um dia isso tudo passar, como poderei caminhar ao lado de um estranho na rua, sem que ele se quer desconfie no destino que escondo e no extase que eu carrego? Se uma dia isso tudo passar e os dias forem leves e soltos, e o amor, mais do que uma palavra for em si o verbo que inicia minhas manhas, como poderei fingir, que tudo esta sob controle e que continuo sendo um ser humano de carne e osso?
Se um dia isso tudo passar e meu sorriso nascer ingenuo como nos dias da infancia, como poderei esconder minhas asas e a vontade de ensaiar meu bale no telhado sob a lua que alta me encanta?
E se um dia nada disso passar?
Ana Frantz
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