E era quase sempre assim. Aquele vai e vem do balanco. Como se o destino e que jogasse cartas com nos. E como adivinhar quem segura o as de paus?
O certo e que ele revelou sem querer alguma fraqueza na voz, enquanto ela se descortinava em estrelas e flores. E ela mesmo sem querer, pode ver quando ele fechou os olhos, do outro lado da linha, so para ver se podia imaginar seu aroma, naquela noite de lua.
As palavras soltas impressas no livro iam assim ganhando vida propria. E um nao sei o que da nostalgia, arrepiava os poros da pele. A voz ao pe do ouvido, com seus mesmos tons e falsetes de antes, pincelavam na noite alta aquela vontade tao antiga. E ja sem codigos nem braile, a intonacao da voz, confessou o segredo guardado tao bem a sete chaves.
O desejo.
Seu corpo se curvava na luta contra sua propria natureza. Nao queria dar vazao ao que sentia e ao que lentamente ia fazendo seu sangue borbulhar. Sua aridez masculina exigia que fosse firme em sua palavra. Mas cada vez que fechava os olhos, agora o que via era a mesma silueta. As curvas das quais havia se perdido tantas vezes. E naquela noite entre a luz da lua cheia e as memorias do passado, quis dar um uivo que quebrasse o silencio, sua mudez e seu auto-controle. Quis se contorcer inteiro se revirando do avesso para ver se assim teria coragem.
Ensaiou uma frase. Teve ganas de lhe contar a verdade, enquanto ela lhe descrevia a textura da grama verde ou alguma nova filosofia que havia mudado sua cabeca. Ela falava sem parar, dos planos, dos sonhos, do tedio do trabalho, do cansaco e de sua dor de cabeca. Entre frases inconstantes, ia abrindo seu coracao, como quem dita uma receita de bolo.
Ele, com a mesma apatia habitual, lhe desejou boa noite e foi dormir sozinho, desejando, so por um segundo que pelo menos dessa vez ele tivesse tido a coragem de voltar atraz e de se despir frente a vida. Desejou devagarinho, uma vontade quase fraca, quase muda, que pelo menos dessa vez deixasse que a cegueira e a densidade daquele velho sentimento cortassem o baralho de cartas. Mas mais uma vez, foi ele quem as destribuiu, olhando com cuidado, para cada uma delas, so para nao dar nenhum passo em falso.
Ela foi dormir so tambem, mas se banhou em devaneios. E desejou profundo em seu sonho.
Ana Frantz
1 comment:
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