Em quantas partes devo me cortar ainda
Para me refazer inteira?
Rabisco um nome com uma pedra de giz nas lajotas da varanda. Deixo cada letra arranhar em mim uma ferida. Uma memoria. Uma dor. Uma raiva. A vontade de gritar. De derramar as lagrimas que ja secaram em mim.
Olho por horas uma antiga fotografia, ate que ela comece a recontar uma historia. Nela sinto os aromas. Revejo por de sois, banhos de mar, escuto linguas desconhecidas, tomo cha de menta, ganho um beijo desprevenido e caminhamos de maos dadas.
Escuto de novo aquela musica. E quando fecho meus olhos, suavemente, o primeiro dia, pousa suas asas em mim. Cada palavra, cada ritimo na melodia vai me inundando de uma nostalgia sem patria. Tento agarrar o momento. Segurar com meus dedos o sentimento que havia. A musica falava no paraiso, falava em estar presa em teus bracos, falava dessas coisas dos primeiros dias.
Rebusco tudo o que posso. Me maltrato para ver ate onde meu coracao aguenta. O torturo para ver se assim ele cansa. Foge, some, ou morre.
Esse coracao que ja lutou tanto. Para amar, para preservar e para esquecer. Esse coracao esta cansado e agora quer adormecer.
Desfaco meus veus de Maya, luto ainda mais uma vez. Agarro o sonho, rabisco mapas, trilho atalhos. Eu vou embora, agora adeus.
Ana Frantz
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