E entao chegou um cometa, e pousou em mim. Esse cometa feito de um bilhao de estrelas, fez renascer o sonho, a vontade e o desejo. A gana de fazer a torneira parar de pingar, pela madrugada, sem razao nenhuma. Veio a gana, voraz e certeira, de dizer chega para essa agonia aborrecida. E la no ceu outra estrela distraida, se atira, so pelo prazer de voar.
E minhas asas que andaram adormecidas, amarradas nos remendos e na ferida, agora ansiosas, ja partem em busca de uma outra bussula. De um outro norte, talvez o sul. Ja partem procurando qualquer coisa perdida em esquina alguma. Uma moeda antiga, um coracao quebrado, um amor ou um amigo.
Essas asas de passarinho abatido batem na dimensao ganhando alturas, e ja e a aguia que voa na imensidao e na vontade de dancar sem os pes no chao. La se vao meus baloes coloridos, se perdendo de mim, soltos em um ceu azul.
La se vao as amarras e mais uma vez me vem a forca que o esquecimento alcanca. Apago as linhas que me prendem em frases ditas, apago os insultos e congelo os carinhos. Guardo no peito a certeza dos amigos sinceros, do amor de mae, do consolo de um pai. Guardo a camaradagem que so a irmandade tem. Guardo isso, guardo aquilo. Uma pedrinha, um ticket de trem. Mas jogo fora as algemas, e essa coisa de querer bem a quem nao me ve.
Adeus, adeus, coisas idas. Adeus ego meu, esse meu maior inimigo. Aceito as perdas, elas sao minhas e de mais ninguem. Nao as quero de volta, coisa alguma! Quero perde-las mais e mais, a cada noite banhada de lua. E aos meus tesouros eu serei atenta, pois sei, tambem, que ate o ouro mais brilhante e a pedra mais rara, podem partir um dia.
Sou o nada, e sou o tudo em mim. Nao me importam os dias gloriosos ou as ricas tardes em jardins. Quero a paz, e por ela grito teu nome ao infinito. Que te vas, sem mais demoras, que te percas no infinito em mim. No infinito em mim, onde moram todas as coisas idas.
Pois eu vou. Eu sigo para alem da estrela onde o futuro tem um nome, que o impossivel nao espreita. Vou alem de mim, de ti, e de tudo o que ficou pra tras.
Ja nao me ves, pois ja nao estou mais aqui.
Ana Frantz
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