Ele vem assim, abrindo portas, deixando a brisa entrar.
vvvvvvvvvvvvvvvvPincela no meu rosto um sorriso e rabisca brilhos em meu olhar. Ele senta em minha sala e declara coisas secretas. Vem assim de mansinho me deixando sentir sempre mais mulher.
A alma das coisas belas baila docemente seus segredos em mim. O sonho e tudo o que ele alcanca. Na estante os livros com seu nome contam aquela historia. Mas nem sempre e triste o adeus. E ate a lagrima tem sua poesia. Mas e que insistimos quase sempre em cutucar o que nos assusta. O medo instiga. Proclama a coragem em quem luta.
Mas ele vem assim, suave, quase sempre expandindo espacos em mim. Os espacos de quem sabe encontrar as portas no escuro. Mas ja nao desmantelo mais as pecas tao bem montadas pelos dias de solidao. Minha estrutura se refaz e ja sei dizer nao. A vida e sempre bonita assim, quando aceitamos que ela muda, quase sempre muda; mundos em nos.
Gosto quando ele vem assim, manso tateando as estrelas cadentes em meus olhos. Esses olhos travessos e sedentos. Mas ha tanta sede de vida, que ja me contento com outros vinhos e outros aromas. Tambem e bom o sentimento que da ao reescrever uma outra historia.
Mas e que era sempre bom me ver refletida naqueles olhos que me viram crescer, atravez do tempo e da dor. Se tivesses a coragem de te tornar tao vulneravel quanto a vida, tu contarias tua propria historia, assim sem mais mascaras, ao palco da vida? O que revelarias? Me digas, se entre enredos e entre-linhas, te revelarias assim? Completa e nua ao que encanta e assusta. Nao ha esconderijos para tudo o que a alma grita.
Enlaco meus afetos na caixinha apertada do meu coracao. Ja sao tantos os pedacos que vao aos poucos formando minha feicao. Assim serena, noutras ansiosa e aflita. Sigo sempre em carne viva.
Olho meu espaco ao redor, e os lirios brancos que me trazem a calma e o aroma, me lembram que nao existe vitoria sem luta. No final de todas as linhas tortas que escrevi tudo faz sentido. Tudo sempre fez sentido.
Entao agora te reinventa. Levanta da cadeira e grita teu pensamento solto no ar das estrelas. Nessa noite que linda chora, na chuva que molha as arvores verdes do verao.
E que o jeito que ele tem, me embala e me encanta. E sempre facil amar assim, nas esquinas do tempo. E sempre bom amar assim, nas rugas do que passou. O estranho que chega nao conhecemos e nao nos adaptamos ainda com seu cheiro. Nem sempre e facil abrir as portas que foram fechadas com tanto esforco. Trancadas com tantas chaves para que os monstros que habitam o outro lado jamais escapassem novamente para nos perseguir.
Tenho a preguica e o encantamento. O silencio as vezes vem cheio da melodia mais pura. Guardo meus amores carregados de lembrancas e gargalhadas. Se ao menos nao amasse a vida assim, com tanto deslumbramento, talvez fosse capaz de ser concreta no que digo.
O que proclamo sao palavras soltas, livres ao vento que lhe dao asas. Asas sao sonhos. Distancias sao encontros. E sempre bom se encontrar assim. Na imaginacao do que o outro pensa ou sente.
Nada e tao colorido, quando vira espaco definido. Ah o sonho, ele e sempre o mais bonito.
Deliro por entre as ruelas que anseio pisar, nos castelos onde anseio morar, pelas praias onde quero andar. Sei que podes tocar a melodia ou ouvir o som de uma lagrima caindo. E dessa intensidade que eu falo. Sobre as coisas que nao entendes mas sentes profundamente em ti. Tambem e bom amar assim, flutuando sem ser tocada, para jamais ser presa no grampo do adeus.
Quero ser o que nao acaba e sem limites alcanca a loucura do improvavel.Quero ser digna de milagres e salvacao. Quero enfim, descrever a pintura que vejo e sinto e toco. O instante que agora ja passou. Paralisar o que deveria ser eterno, mas nao e. Nunca e.
Ana Frantz
No comments:
Post a Comment