Chove por toda a parte. E essa chuva que vem trazendo a melancolia, tambem pode estar cheia da paz. Do sossego em aprender a lidar com teus proprios fantasmas, quando chove pela casa de dentro. Nem todos os dias podem ser de sois intensos, se nao a terra seca e vira deserto. A chuva que vem, traz o alimento essencial para o cultivo de sementes novas. Porque e so na quietude de dias assim que descobrimos os ritmos que ansiamos dancar, nas tardes quentes de sol, que ainda virao.
Guardo meu encanto numa caixinha colorida. Nao o quero perder, mesmo se choro, mesmo quando a chuva vira tempestade. Ha um nao sei o que de beleza nos trovoes que aborrecidos gritam nao.
A vida me chama para suas curvas e labirintos intensos. Tenho medo mas sigo seu chamado mesmo assim. Fecho portas com o coracao chorando e implorando nao, mas a alma quer se expandir, e essa bailarina, e a rainha dos nossos destinos e diz sim a tudo aquilo que encanta e machuca. O coracao esse lindo tamborzinho e apenas uma crianca deslumbrada com tudo. Se lhe dessem a chance abracaria tudo o que ve pela frente sem mais querer largar. Mas e preciso prosseguir na vida, virar paginas, escrever novos capitulos, porque e para isso que nos foi dado a esperanca. A esperanca de acreditar nesse misterio do amanha.
Rebusco todas as flores mortas no jardim, sob a terra que nao as nutri mais. Relembro seus aromas, sua beleza e aceito minhas perdas com a coragem de quem abre as maos para o que o inesperado espreita. O coracao, crianca cabecuda, se agarra na primeira arvore que ve pelo jardim e dela nao solta. Mas como toda a crianca, quando deixamos de dar bola ela vem correndo, com medo que a deixemos para sempre pra tras.
Sei que esse tamborzinho que bate apressado, nessa ansia cega, e tambem medroso e assutado. Cuido dele com o carinho de mae e lhe prometo proteger desses trovoes que as vezes assustam ate a mim. Mas junto seguimos desvendando labirintos e pulando sob abismos. A vida exige coragem.
Ana Frantz
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