Acho graca quando me acalmas. Quando me chaqualhas e as vezes sem querer me derruba com toda a tua forca ao chao. Com toda a tua forca. Era sempre assim, esse vai e vem. Ficava tao confusa que ja nao sabia mais identificar em meu soluco o riso ou o choro. Eram assim os dias.
Acho estranho olhar para o que restou ou se agigantou em mim e nao te ver mais la. As vezes nem reconheco a gargalhada que nasce sozinha no escuro da noite e minhas palavras que nascem tao soltas quando nao lembram de ti.
Vez que outra reapareces. E tua assombracao, quase sempre sem esperar, bagunca os porta-retratos da minha casa e enche de poeira o chao. Rabisca qualquer coisa cinza e me declama uma historia triste.
Nao, nao quero lembrar.
Teu nome quando vem, vem cheio de magoa. Me doi recordar. Ficas mais bonito preso no silencio que te petrifica como uma estatua de concreto, pelas ruas em mim. Eu fico em paz assim.
Por favor entenda; que quando vens, me fazes recordar que tenho um coracao quebrado, me faz querer bem mais do passado; mais aconchego e menos abandono. Me faz reviver cada desespero, cada lagrima, cada chaga e todo o tempo que eu desperdicei. Desperdicei por ti. Por favor entenda, que nao te quero perto, porque ja me causastes muito mal e enfraquecestes meu Imperio. Entenda que a dor de quem foi um dia abandonada nunca passa, a vida que na mao do outro foi desperdicada; a vida, a vida que e sempre tao rara.
Recolho minhas perolas, me encolho em minha concha e deixo esse barulho passar.
E eu que recito as proclamas da justica, hoje tenho as maos atadas. Nao, nem todos os lados sao iguais e nao ha nada que eu possa fazer, que te faca sentir o que eu senti. E preciso coragem para doer assim; ah eu doi. Te deixo seguir teus afazeres sem as dores de dentro. Quero que tu vas e sigas livre em tuas conquistas, nao te amedrontes, nao ha mais nada que possas fazer, que ja nao tenhas feito, tu me matastes por dentro.
Va entao, e me deixe quieta, selvagem em meu canto. No zunido que fala das historias do passado, vem uma frase ou outra que me diz, que eu merecia muito mais. Muito mais amor do que tinhas para me dar.
Agora va, e me deixe! Eu preciso esquecer que um dia eu morri. Longe de ti eu sei sorrir. Agora va e me deixe, esquece que fui tua e que um dia eu te quis. Agora va e me deixe aqui. Seremos sempre mais felizes assim.
Ana Frantz
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