E chegou entao o dia;
vvvvvvvvvvvvvvvva chuva passou, as estrelas reapareceram entre as nuvens grossas feitas de poeiras e venenos. Repletas das nuancias do passado. Daquele livro velho empoeirado enfeitando a estante no canto da sala. O porta-retrato vazio, na ausencia da foto a presenca que se fazia ainda mais paupavel.
Entao um dia isso tudo passou; ou entao silenciosamente fingimos assim. A vida e mesmo um palco, e vez que outra e preciso insenar travessuras com a pobre alma, que acredita em tudo o que ve. Silenciosamente lhe contamos mentiras inocentes, e para o nosso proprio bem. E todo mundo quer a salvacao; nao e assim?
Mas tudo deixa marcas e a cicatriz e o eco da ferida, que nos empresta vez que outra um medo qualquer. E preciso saber escolher, entre o sim e o nao. Entre doar o que nao se tem, ou permanecer outra noite na escuridao. E preciso saber decifrar o apelido do risco, a chance que a vida sussura indignada ao pe do ouvido e distraidos nao a ouvimos. E preciso mudar, de vez enquando, uma coisa qualquer em si e no mundo que lhe rodeia.
A cor do carro ou do cabelo. O trajeto para o trabalho, descartar uma calca jeans ou um amigo que ja nao serve mais. E preciso jogar fora certas cartas de amor e algumas fotografias, sem pena. A vida exige ousadia. E so quem tem muita coragem e capaz de rasgar um poema de amor. Va! Seja audacioso e destrua aquelas coisas todas que eram tao preciosas. Quando nao lhe restar mais nada, nenhum resquicio, o passado sera so uma pagina em branco, que te impulsionara a escrever novas historias.
Hoje me recolho em uma pagina toda nova, branca, avida e corajosa. Quero o que o futuro canta! O futuro, esse que me encanta a conquistar as coisas novas. Me despesso dessa velha vida, ja usada e saboreada ate a ultima gota. E preciso mudar as vezes, o rumo e o sentido de tudo. Meu Santo Graal ja tem outro nome, e minha bussula agora gira tentando encontrar meu caminho de volta pra casa.
O que o ser humano quer e escolha. E isso que nos dignifica assim; humanos. Sento na minha cadeira azul, e penso em milhoes de novos caminhos que poderia seguir. O que eu preciso e ter escolha. O que eu preciso e nao ficar aqui. Parada sem me fazer sentido.
Quero os ventos do sul, agitando minhas asas aos ares novos. Quero me soltar dessas amarras tao bem sedimentadas em meus pes cansados. Quero a incerteza do inusitado pincelando mundos novos na aquarela que trago no bolso. Nao era sempre assim, a incerteza do amanha fazendo cocegas na gente? Deixe me ir, preciso andar.
Ana Frantz
1 comment:
Obrigada amada, por tua energia magica, sobrevoando e bailando por aqui.
Sabes o quanto eu te gosto, assim.
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