No distante rabisco do horizonte te vejo chegar. Cambaleias para um lado, noutras para outro. Teu rosto magro me parece abandonado, teus olhos ja nao possuem o mesmo brilho de antes, algo em ti foi mudado. Teu corpo feito de luz, teus poros e tuas mentiras perambulam pela minha imaginacao.
Te desenho do jeito que te quero. Tuas curvas, tua cor, teu cheiro. Rabisco sorrisos em ti, com o eco das gargalhadas que ainda teremos, ao som das musicas que aprenderemos a gostar, com o aroma vindo do fogao e as velas acesas no chao.Te declamo um poema, te ensino um mantra, te conto meus segredos e te dou meu coracao.
Nesse enlace do corpo junto com a carne transmutamos e tudo recomeca outra vez. E teu olho que me devora na profundeza da alma, indaga, anseia, se perde em mim.
Quando te imagino assim, sem teus medos tao comuns, tudo se torna claro, quase um fato consumado. Quando te vejo preso, mudo, calado. Acorrentado em tuas grades, tentando nao olhar, nao deixando se encantar, prometendo a ti mesmo a nao escutar, minha alma se esfria. Quero te trazer de volta a vida. Sacudir tuas asas e faze-las de novo voar.
Derrubar tuas amarras. As barreiras de que tanto falas. Despindo em ti esse casco desgastado que construistes para estancar a torrente dos finais. Te reconstruir celula por celula e te libertar desse peso invisivel que carregas
Renuncio meus enredos e esqueco o ensaio no camarim. Me encabulo e me descubro, entre a calma e a pressa, te espero chegar.
Ana Frantz
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