Acho que a magia disso tudo, que a gente pinta e cola. Pinta e cola nos caderninhos da memoria vem dessa coisa tao suscetivel de se enchergar no espelho do outro. E como bailarinos perdidos no palco, rodopiamos cheios de paixao, feitos para o desejo de doar o que e mais raro em nos. E nessa ebulicao de calores, sons e palavras nos tornamos inteiros. E veja isto. Apenas na partilha seremos inteiros, sem ela, somos nada alem, do que metades pulsando aflitas por ai.
Nunca quis as metades. Mas fui obrigada a conviver com elas, uma dessas demandas que a vida nos empossa. As saudades sempre alinhando distancias, mundos, quereres.
E no final daquela linha do horizonte, sempre tao comprida morava o sonho do la longe. As distancias que nos fascinam. As alturas, os voos, as viagens e os sonhos.
As vezes nos esquecemos de voltar. Ah, como e dificil o pouso para os que tem asas, e se inquietam com a terra firme.
O que gosto mesmo e de tocar a alma das coisas com meu pequeno polegar, fazendo cocegas na vontade de se deixar encantar pelo sentimento que une e separa. Agiganta e apequena. Mata e renasce o que fomos e ainda seremos.
Porque memoria, sentimento, distancia e tempo, sao so pequenas particulas da mesma coisa.
Me despeco desta sexta-feira que escorregou silenciosa, com um coracao que fala da saudade. Com maos que querem tocar o invisivel, apalpando essa vontade da vida, agarrando tudo o que vale a pena com os dentes da coragem. Que venha Urano em Aries para sacudir as poeiras do meu mundo e do seu.
Ana Frantz
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