Releio o caderninho das tarefas. E ja sao tantas, e tao pouco e o tempo. A correria me da mais cansaco. O trem que amanhece inchado de tanta gente, me aperta e me prende o ar, minhas manhas que ja comecam com cara de choro, me pedem para parar.
Como se nao soubesse, esse meu cansaco, que o mundo nao para, nao pode delirar. E essa gigante vida, que se estica e se encolhe, sempre dita para o ouvido do destino, que nada e grande, sem o misterio. E assim seguimos como cegos, tateando pelo caminho, esperando encontrar aquelas coisas raras que o coracao deseja.
E o coracao, esse fragil guia, so acredita no que ele acredita e apenas ve o que ele ve. Malabarista de seus proprios abismos, cambaleia por ser feito de eter, do eter do viver. Se expande e se apequena a merce de qualquer afeto. Se atira de alturas incalculaveis e quando alcanca o chao, la se ve os milhoes de pedacos, pulsando como pequenas estrelas que acabam de morrer. Mas quando ele pega altura e voa, o coracao se expande e se encanta com tudo o que ve.
Carrego meu coracao ate a fonte do perdao, e acendo labaredas ali. Pico cada pedaco do mosaico que tentei reconstruir e deixo que o fogo faca desaparecer o que tentei nutrir. E quando a noite deitar seu manto negro sobre mim, deixarei a escuridao cegar meus olhos me esvaziando de esperanca e vontade, ate que eu me esqueca daquele que me destruiu.
Ana Frantz
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