Nao. Eu jamais poderia ter previsto o milagre da tua aparicao. Eras enfim o misterio e o alivio. A mao macia do destino, que como em um passe de magica autoriza o voo. Meu espirito se expandiu em milhoes de particulas coloridas quando te vi chegar. Era primavera. O tempo certo das coisas florirem.Desde sempre; houve o amor e a impossibilidade.
De vez enquando fugiamos. Noutras nos entregavamos muito. O maior medo que sentiamos era o de que a realidade nao poderia ter sido jamais assim, como a viamos; as cores tao intensas, os sons sempre certeiros, ritimados com os passos de danca ou as batidas do coracao. E o riso, aquela gargalhada solta e sempre tao escandalosa. Nao era palco, era a estrada. Nosso maior medo era o de admitir nossa propria loucura. A loucura que nos consumia quando estavamos um na presenca do outro.
Para tanto encontro, havia sempre a fome. E o medo de que se um dia a saciassemos, todo este misterio tambem teria fim.
Entao seguimos, perseguindo um ao outro na imaginacao e nos dias divididos ao sabor das tardes efemeras. No dolorido aperto de maos quando a alma queria sempre o corpo inteiro. Aprendemos desde cedo que o que nos mantinha mais vivos do que os simples mortais era a fome que nunca saciavamos por inteiro.
No comments:
Post a Comment