
The beauty is on the eye of the beholder;
Tem dias, que esvaziamos.
A purpurina se descola da pele. Opaca e muda; a alma grita! A voz nao sai. O silencio impreguina. As paredes sufocam. A rotina impertina.
Tem dias, que esvaziamos.
Gota a gota, a alma grita a sede de quem nao se contenta com o que e descontente. Ainda ha a fome. Que impera e instiga. A vida! A vida! A alma de novo grita.
Mas em certas manhas, a gente esvazia.
Pouco a pouco, gota a gota.
A esperanca nos cai do bolso, o amor se vai para nao sei onde, a alegria se esconde na tristeza, e o carisma no cansaco. Tem dias assim, que a gente esvazia.
Esvazia de cuidado,de tato, de tanto querer. Esvazia de certezas, de lutas, de dores ate. Esvazia do amor, do sonho, da esperanca que se quer. Esvazia do que e belo, e do que bem nao faz. Esvazia gota a gota do tudo que nos preenchia. E assim sem mais nem menos a alma perambula nua e vazia, enquanto o corpo oco, senta e contempla sua apatia.
AF
Trying to keep your spirit free. Condemned forever for your anxious and the way you live your life. There is never a time for tomorrow, when today can hold your sweetest dreams. But then too much of a good thing can make you drunk and empty, wondering around the streets and the smells that make you hungry. Hungry for life, desperate for a reason, craving to have someone to give all your love. All your love is what you want to give. But out there seems to be no one to receive.
When your sweet smiles dosen't appear to be enough and the love you holded in your heart for so long is starting to fade away, burning slowly with your sense of security. You just need someone to give all your love, before the flame devour itself to it's own abandon.
And you say, it's ok, living a life you only believed in, giving yourself away to the moment, when tomorrow is just another day. Is just another day, when you don't have anyone to give all your love. When love is all you need.
But then you wake up again, and the sun is burning in your window, you look at your eyes in the mirror and beg yourself for another little drop of patience. Just another drop. And you carry on. You always carry on.
Ana Frantz
O tempo e uma coisa intrigante. Por mais que o desejamos, nao podemos toca-lo. Por mais que ansiamos por sua constancia, nao temos dominio nenhum sobre sua passagem. Ja nem sei mais se acredito na estabilidade dos ponterios do relogio, que correm com as horas ligeiras na parede. Tem dias, que juro, ter ouvido um ruido pela sala, e la se vai, o tempo pulando pela janela, quando se viu, ja passou mais um dia.
Quando se viu ja passou outra estacao, e ja estamos de novo puxando o cobertor de madrugada. E logo e outro natal, outro aniversario, mais um ano novo. Entao e outra champanhe, novas promessas, outros sonhos. Tudo novo, esclamamos faceiros, na empolgacao dos fogos de artificio.
E, o tempo voa, diz o velho lembrando. A mae para o filho que chora a dor de um amor, diz que o tempo e remedio pra tudo. E se Mario Quintana estivesse entre nos, ele diria, que ficaras mais velho quando terminares de ler esse texto. Ficaras mais velho. Essa e a afirmacao que mais assusta. A prova de que Ele, esse Senhor de nos mesmos, esta passando, e levando com ele, nossas vidas. Transformando o presente em um passado, cada dia mais longo.
Dias atras, dois homens muito importantes na minha vida, fizeram aniversario. Nasceram no mesmo dia. Num espaco de tempo, de quase 20 anos. Mas os dois falaram do mesmo jeito; que coisa ingrata e a passagem do tempo! Um deles e meu pai; que me diz injuriado do outro lado da linha, que ha um dia atras ele tinha 66 e agora ja sao 67. O outro e meu amigo querido, amigo meu ja por uma boa e linda decada, ele me conta, que la se vao 40 anos, e que a musicalidade do "enta" lhe assustou um bocado.
A passagem do tempo amedronta ate mesmo o mais valente de todos os mortais. Me assustei em pensar que meu pai completou 67 anos de idade, nao falta muito para os setenta, e setenta para mim, ja era avo. Logo, logo a morte espreita. E ninguem quer a morte, so saude e sorte; ja cantou Gonzaguinha. Chegar a casa dos quarenta, deve no entanto ser o apice da subida. Antes achava que era aos trinta a ascenssao, mas eu mesma chegando a beira da casa dos "inta", resolvi postergar minha subida definitiva.
Amamos a vida de um jeito demasiado possessivo, e assim, nao conseguimos dividi-la com o tempo, esse que vem nos devorando conforme andamos. Mas ha que relaxar, e seguir pela correnteza. Largar os anseios, e arrecadar mais poesia pelo caminho.
Se quarenta anos e um divisor de aguas? Pode ser. A maturidade, pode ter lhe dado a calma, os livros lidos a sabedoria, de tambem entender que tudo passa. Mas es moco o bastante para te embriagar por noites a fio, com o nectar dos sonhos e dos desafios que ainda ha de tracar. Esqueca no entanto os fracassos, e o tempo que achas ter perdido. Porque tudo se transformou em uma historia. Se aos 67 anos de idade, podes te considerar um idoso, pode ser. Mas na alma quem edita a idade e a sede que tens, da vida que ainda lhe corre nas veias.E quando olhas pra tras, havera, tanto por de sol, e tardes belas, que poderas te ocupar em apenas amar tudo outra vez.
Acho que o segredo esta na intensidade que permitimos florecer em nos. No amor que deixamos reviver atraves das decadas. Dos sonhos pelos quais lutamos e dos que realizamos. Dos amigos que conquistamos, das paisagens que desnudamos, das palavras que criamos. O segredo que dividem as aguas em nos, esta na capacidade de olhar tudo, sempre com olhos de crianca. Com a inocencia de ver tudo como se fosse a primeira vez. Sem perder jamais um certo jeito insano de amar e temer a vida, essa que um dia, tambem vai passar.
Ana Frantz
E eu andei por ai. Correndo sem direcao, dormindo demais, amando pessoas erradas, esquecendo me de quem eu nao deveria. Andei pensando. Sonhando sem os pes no chao. Fiz fogueiras. Incendiei meus anseios em meio a ventania de chuvas de verao. Andei revendo. E quando olhei a velha fotografia, embora tenha ficado muito triste, a lagrima nao quis cair.
Andei assim. Sem mais nem menos. Andei feliz. Muito feliz, de uma alegria tao extrema que quando passou me jogou no chao com uma furia tremenda. Andei me embriagando e dancando todos os sons que eu nunca havia ouvido. Dai em uma tarde, regredi, e voltei a rabiscar o passado, com as velhas aquarelas que ja nao colorem mais. Me angustiei quando vi tudo passando pela minha janela. O passado sempre se adiantando na minha frente, levando de mim, a enchurrada e o arco-iris.
Olhei de novo a fotografia antiga, por horas e horas, a fim de entender, o porque de tantos finais. E foi como se eu esperasse uma resposta daquelas pessoas na fotografia, elas caladas, me sorriam, sem terem nada a me dizer. Talvez certas coisas, nao possuem explicacoes. E assim ha de se conviver com o eterno silencio das entrelinhas.
Andei por ai com estranhos e tentei questiona-los. Mas nada lhes arranquei. Andei com velhos amigos pelas ruas. Visitei Oxford e fui em shows de Rock. Tive encontros e despedidas. Fiquei doente, muito doente. E febril temi a solidao concreta me espiando da janela.
Mas agora estou sa. Insana com alguns intervalos de sanidade. Que sao sempre dos quais me angustio mais. Nao suporto o tedio do silencio, que certas tardes impregnam nas paredes. A loucura e que me salva, dessa mulher gritando em mim palavras de socorro. Dessa mulher que grita, mas nao sabe que e feliz. No caos dessa cancao. No vicio de amar a vida e suas coisas. Nessa intensidade enlouquecida, mas tao humana. E na inevitavel solidao, que vez que outra, chega estracalhando todas as vidracas.
Ana Frantz
Aquele amor. O fogo que a consumiu inteira, a agressao da falta que ele lhe fazia. Tudo isso como um soluco passou. A ferida parou de sangrar e da cicatriz uma mancha feia na pele, mas que ela prefere nem olhar. Agora olha tudo ao redor, e suspira. Passou! Ela nem acredita.
Nem acredita como lhe coube tanto amor, como pode amar aquele sujeito, assim tao sem graca, cara amarrada, peito sem poesia, alma sem loucura. Como pode amar por seis anos aquele sujeito que lhe tacou fora todas as cartas de amor, os poemas, as rimas que lhe havia escrito, e guardou todos os extratos do banco. Como pode assim, sem mais nem menos, amar aquele sujeito, de maneira tao felina e tao maternal.
O amor e cego diz o velho ditado, e desde o comeco dos primeiros contos da humanidade na terra, e que vejo, mulheres amando demais. Como se nos dispusessemos de um estimulo totalmente aleatorio, um coracao, um botao. Um toque, e a celula mae e adicionada. A pressao sanguinea esquenta, bomba o sangue nas veias ja envenenado, e circula por todo o corpo, ate contaminar a alma. Mulheres apaixonadas sao um risco de vida pra si mesmas. Como e facil, dar aos que amamos, ate mesmo o que nao temos, ou o que nunca deveriamos oferecer a ninguem, nosso dom maior; a liberdade.
Penelope esperou pelo regresso do amado Ulisses, e enganou, supostos pretendentes, com a promessa que se casaria novamente quando terminasse de tricotar a manta que estava tecendo. E ao se deitar, desfasia o trabalho de um dia inteiro, assim conseguiu se guardar para o regresso do amado, apos 20 anos!
Quantas de nos, esperamos, cedemos, compreendemos. Quem de nos, nao se colocou em segundo plano, so para agradar Ele. Oferecemos nosso pedaco da picanha, passamos nossas ferias onde Ele quer e o natal e sempre com a familia dele. Compramos kaiser porque Ele so toma essa, aquela comidinha no almoco por que e a favorita dele, ou, ah nao, nao cozinho aquilo porque o fulano nao gosta. Quantas de nos aprendeu a gostar de futebol por causa dele, ou continua detestando, mas vez que outra se ve na frente da TV assistindo a final de qualquer campeonato. E atire a primeira pedra quem nunca deixou uma coisa que gostava muito, porque Ele nao suporta.
Simplesmente somos assim. Mulheres amam demais. Precisamos oferecer o que somos e o que temos em pro de outro ser. As vezes, um homem, noutras, outra mulher, quem sabe um caozinho, gato ou papagaio. Um filho ou sobrinho. Um pai e uma mae. Aquela amiga para qual nunca aprendemos a dizer nao. O amigo gay que rezamos para um dia acordar gostando de mulher, porque seriamos a primeira na fila. Nossa vozinha, que por ela, nos ajoelhamos na frente da TV, assistindo a missa do Galo, que ela nao pode ir, por que 99 anos deixam os ossos cansados!
Amar demais pode ser otimo! Mas melhor ainda, e olhar pra tras e perceber duas coisas: dor de amor nao mata; e no final, a liberdade que deixamos escapar, sempre retorna para nosso colo de mae, e podemos uma vez mais, saltar pocas de agua e correr faceiras pela vida afora. Livres para amar tudo outra vez!
Ana Frantz